terça-feira, 13 de maio de 2008

Rita Ferreira - Gestora de Empresas - Das Torres de Lisboa à Univ. Católica

Desde pequena que adoro andar de bicicleta e já no meu tempo de estudante universitária utilizava este meio de transporte para me deslocar frequentemente desde a Av. E.U.A., onde vivia com os meu pais, até à Universidade Católica onde estudava.

Quando surgiram os primeiros parquímetros de Lisboa, e eu trabalhada numa empresa em frente ao actual edifício do El Corte Inglês, voltei a usar ainda com maior frequência a bicicleta, pois era de facto o meio de transporte mais rápido (demorava 14 minutos de casa ao meu gabinete num 7º andar da Av.António Augusto Aguiar, enquanto de carro raramente o conseguia fazer em menos de 20/25 minutos) e também o mais cómodo e barato (não havia nem metro nem autocarros directos para esse local e levando carro tinha que me deslocar ao parquímetro pelo menos 3 vezes por dia para o alimentar o que se tornava muito caro e aborrecido).

Mas, foi em Barcelona onde vivi de 1999 a 2004, e mais de 1 ano sem carro, e depois mais tarde, em Cergy-Pointoise (perto de Paris), que fiquei verdadeiramente obcecada por usar o carro apenas nos dias em que ou chovia muito, ou tinha que carregar muitos livros para a Universidade ou precisava de ir depois a qualquer outro lado ou de ficar até mais tarde... Agora que voltei a trabalhar na Universidade Católica e que vivo ainda mais perto desta (demoro cerca de 10 minutos para ir e apenas 8 minutos para regressar a casa) tento ir muitos dias de bicicleta para o trabalho, pois sinto que me faz bem à saúde física, mental e ambiental.

1 comentário:

Jorge Ramos disse...

Caro Paulo,

Pois foi com muito entusiasmo que vi ontem uma reportagem televisiva do projecto de tese de mestrado. Muito interessante e concerteza com uma importante vertente para a mudança de mentalidades e pressão política em Portugal. Só por isto os meus parabéns por tão nobre iniciativa e os meus sinceros votos de grande sucesso.

Vivo em Olhão, que é uma cidade pequena e relativamente plana, mas que também sofre dos problemas de tráfego das grandes cidades: horas de ponta e inerentes congestionamentos, ruas estreitas, falta de estacionamentos e carros em cima dos passeios, etc. Aqui em Olhão, como se calhar noutros pontos do país acho que há um problema que considero cultural: algumas das pessoas com baixos rendimentos andam de bicicleta, eventualmente em transporte público urbano; todos os outros andam de carro, talvez por ser um meio de transporte que demonstra suopstamente estatuto social. Para o segundo tipo de pessoas, a bicicleta é vista como “um brinquedo de fim de semana” e não como um meio de transporte. A questão não parece demover muita gente, nem mesmo com o aumento do preço dos combustíveis ou a constante sensibilização mediática acerca da poluição por gases de estufa. Os portugueses podem até estar já algo sensibilizados para a questão, mas não parecem ponderar seriamente o seu comportamento e mudar a mentalidade na utilização dos meios de transporte do dia-a-dia.
Já vivi no Reino Unido (enquanto estudante de mestrado e doutoramento) e constatei que a existência de ciclovias urbanas e outras infraestruturas para bicicletas é um estímulo para a utilização deste veículo, mesmo com chuva e frio. Por exemplo, existem imensas pessoas pendulares (commuters) que usam a combinação de vários transportes entre casa e o emprego em Londres. Vão de casa até à estação de comboios de bicla onde a deixam num estacionamento para o efeito, seguem no comboio e pegam numa segunda bicla na estação de chegada, depois seguem de bicla até ao local de emprego que tem ciclo-estacionamento. Os ganhos por investir nestas infraestruturas e sensibilizar as pessoas para a sua utilização são muitos: menos congestionamento no tráfego, a pontualidade britânica não é posta em causa muito pelo contrário, as zonas comerciais completamente libertas de automóveis e estacionamentos só para bicicletas, menos poluição, as pessoas adquirem mais robustez física, etc.

Quando vi a reportagem comentei com a minha esposa, que se em Lisboa que é uma capital europeia vive alheada dessa mentalidade, não é de admirar que não hajam acessibilidades para inserir bicicletas como um meio de transporte alternativo em praticamente lado nenhum em Portugal.

Mesmo aqui no Algarve, que é um destino tradicionalmente turístico, tirando talvez Vilamoura (Loulé), não há um plano concertado de ciclovias urbanas. Existe na www uma dita ciclovia que liga todo o Algarve. Mas se formos ao terreno, verificamos que para além de Tavira (que conheço) e Lagoa (que ainda desconheço), os ditos percursos da ciclovia ainda não existem.
Mesmo nos percursos existentes há um problema cultural. Isto é, em certos troços da ciclovia podemo-nos deparar com automóveis que não deviam lá circular tal como não vamos de bicicleta para a autoestrada, eixo norte-sul ou grande circular.