quarta-feira, 25 de junho de 2008

Miguel Branco - Do Algueirão a Adroana

Olá!

Apanhei o teu blog numa busca sobre viagens de bicicleta pelo o país (penso ir até ao algarve este verão) e fiquei encantado pelo trabalho desenvolvido para o qual te desejo a melhor das sortes na conclusão da tua tese. apenas lí por alto mas prometo que o vou explorar mais pois em breve pretendo explorar essa nova Lisboa que tu tão bem nos mostras. deixo aqui o meu breve testemunho.

Faço diariamente 25km de bicicleta entre Algueirão e Adroana (junto ao autodromo). aos fins de semana faço BTT na serra de sintra onde percorro uns 60km nos dois dias. Comecei há um mês para combater o meu excesso de peso (105kg para 178cm) e tem sido uma experiência fantástica. acompanhada com regime alimentar perdi 10kg num mês e a minha auto-estima e motivação encontram-se renovados. é realmente um meio de transporte alternativo ao automóvel a ter em conta pois poupa-se de muitas formas.

Praticamente que deixei de fumar, fumava 1,5 maços por dia agora estacionei nos 6 cigarros. Mais uma vez parabéns pelo trabalho!

Miguel

Nuno Borges - Designer Gráfico - De Carcavelos à Estefânia

Sou o Nuno Borges, tenho 34 anos sou designer gráfico e desde sempre que sou um apaixonado pelas bicicletas.

Começei nas BMX com 12 anos e desde essa altura nunca mais parei, com a particularidade de nunca me ter convertido ás mudanças ( vicio das BMX ) tenho uma btt, uma de estrada e uma cruiser, todas elas single speed (estou agora a pensar em adquirir uma Cannondale Hooligan 1, que tem mudanças de cubo).

Começei a utilizar a bicicleta para me deslocar para Lisboa quando frequentava a Uni. Lusófona (de Carcavelos ao Campo Grande) retomei o vicio anos depois, de Carnaxide á Praça do Comércio, e agora vou retomar mais uma vez, desde Carcavelos á Estefânia.Não custa tanto como a maioria julga (só na primeira semana) e depois de nos habituarmos, torna-se quase numa dependência, ficamos mais enérgicos e alegres sem qualquer dúvida.

Um grande abraço

Eliseu Almeida - Arquitecto - Da Graça ao Saldanha

«...Nestes 100 dias do Paulo tenho-o encontrado bastas vezes em variados locais da cidade e curiosamente, sempre ambos montados nos nossos cavalos de ferro movidos a pedais...Conheci-o numa das suas Formações de informática, eu na qualidade de aluno. Só lamento que quando dessa minha formação de Auto_Cad em 3D não ter percebido que o então simpático Formador era um fervoroso adepto das 2 rodas movidas a músculo, (será que na altura já o era?...nunca lhe perguntei!) porque nesse caso teria começado a transportar a bicicleta ao colo para as suas salas de aula... eh! eh! ..sim é o que eu faço sempre , nunca a deixo na rua....aquela minha velhinha “Proflex” que me acompanha á mais de 10 anos e que até já fez o caminho de Santiago Francês, varias competições e algumas travessias de Portugal. etc etc..... nunca ...mas nunca como podem calcular a deixo abandonada na via publica. Esse é um dos principais problemas com que nós ciclistas nos batemos...a vandalizasão e a segurança!Mas, note-se, ao nivela das infra-estruturas não esta melhor quem se vê obrigado a deslocar-se nesta quase caótica cidade de carrinho de bebés, cadeira de rodas ou carro de compras para pessoas idosas..! será que a sensibilidade para estas coisas está a mudar e um dia vamos ter pistas para transportes não poluentes por toda a cidade.....? Voltando atrás, posso referir que na época em que conheci o Paulo já andava de bicicleta por a cidade de Lisboa e até tinha a coragem de ir de onde residia nas Mercês, ( para quem não sabe, situa-se em Men Martins perto se Sintra) para a faculdade de Arquitectura, na Ajuda onde também á época dava aulas. Depois das aulas atravessava heroicamente Monsanto até o atelier no Saldanha e á noite, fazia percurso inverso . Se ainda me estão a ler devem também estar a pensar que fazia mesmo muitos quilómetros diariamente......! pois era....foi desta maneira arrojada que me introduzi no seio da selva automobilística da nossa querida cidade. No inicio do século percorria por prazer muitos quilómetros na montanha, (ou melhor em tudo que era montanha do nosso País!) e dai passar a andar na cidade aconteceu sobretudo por dois motivos...Querem saber?Sim!...Não....!..? Mas eu digo á mesma....O 1º Motivo foi que comecei a fazer uma tese de mestrado e ficava sem tempo nenhum para praticar na montanha o excitante BTT...(como sabem um praticante desta modalidade, mesmo com a montanha ao lado necessita pelo menos de 5horas diárias no mínimo 3 vezes por semana.)O 2º Motivo aconteceu porque tenho um amigo (o Zé Ferreira) que na altura apesar de adorar bicicletas odiava montanha....e como ele á época só se deslocava a pedais por toda a cidade convenceu-me a tentar a experiência...Quem me conhece sabe que também sou patinador (de in-line!) e nessa altura, tambem influenciado por as viagens a Paris patinava por o meio dos carros!.eh! eh!.. (mas isso são outras histórias!)Sim.... porque quando não há vias apropriadas para as “biclas” é necessário coragem e afastar aquele natural receio inicial para confraternizar com os automóveis! (e eu perdi-o com as 8 rodas em linha!)Mas a desbravar todo o núcleo da cidade e a deslocar-me sempre de bicla para todos os sítios, foi, como é natural, um processo progressivo .. a principio...só ia de bicicleta aos sábados de manhã para a Ajuda, onde como já disse, alem de dar aulas também as recebia para a tese. Como curiosidade posso salientar que despertava sobretudo duas fortes tendências de opinião naquele publico formado por alunos, funcionários e professores...!... havia os que achava piada e glorificavam a minha coragem e os que desprestigiavam tão insólita aventura!

Depois da descrição acima das minhas façanhas ciclistas, todos os caros colegas que nunca me viram mas que neste moomento me dão a satisfação de ler, devem calcular que este vosso “escriba” é um jovem atleta muito bem constituído... nada mais falso, já sou um “cota” há bastantes anos e franzino, mas ....mas.....faço desporto para tentar manter-me em forma, porque acredito no conselho esclarecido de vários entendidos e também no do nosso conhecido e amigo estudante de medicina Loic Lhopitallier (ele escreve no Blogue do Paulo) ....que diz: - que... ao estarmos em forma fisica se desfruta a vida duma maneira muito mais deliciosa e envolvente!..humm!... esse nosso amigo tem razão, não tem? E pronto , para terminar vou deixar aqui expresso, exclusivamente para os leitores mais jovens do Bloque do Paulo (se os houver, claro!) e...que se queiram iniciar nesta aventura da mobilidade por bicicleta , o testemunho do que entendo serem os principais “prós e contras”!

Á partida, temos um preconceito muito grande mas que cai por terra assim que subimos para uma pedaleira!!! Que é a de que Lisboa é uma cidade intransponível de 7 colinas.....conhecendo bem a sua geografia, todos sabemos que podemos ir para o mesmo local de uma maneira rápida e um pouco esforçada ou usando um percurso alternativo mais extenso mas também muito mais suave.Outra assunto que os não utilizadores ou mesmo os ciclistas mais cépticos se intrigam e questionam é a questão da transpiração....e da roupa que se suja! Como sabemos quem se mantém em forma e se habitua a pedalar(..os tais hábitos e memória musculares!) transpira muito pouco... mas para alem disso existem os reguladores de transpiração, os “toalhetes” de bebé, os sabonetes e as toalhas em todas as casas de banho dos nossos locais de destino...(os Franceses inventaram o perfume!isso para os mais preguiçosos). ..... tenho sempre roupa limpa nesses espaços onde estou mais horas e aonde normalmente chego de bicicleta..(atelier, casa da namoradas, dos amigos.ginasios.etc.) e uso sempre nas deslocações blusas respiráveis compradas nas lojas da especialidade..ou seja..."caras" mas também de muito boa qualidade...(que preservam do calor ou do frio e deixam sempre respirar...ah pois!)

Hoje, em minha opinião, o medo por os carros já não se fundamenta. Devemos é claro, manter o respeito e a concentração, porque distracções, como é evidente, todos podemos ter em fracções de segundo a conduzir....! mas....tenho notado que já há uns anos para cá os automobilistas estão muito mais sensibilizados para o ciclista. Aconselho é sempre que montamos uma bicla a andarmos muito bem sinalizados e com como referi, os reflexos sempre muito bem apurados...qualquer distracção pode ser dolorosa..eh! eh!.....e claro evitar os túneis e as vias onde os automóveis andam “a abrir”...como por exemplo a 24 de Julho para já não falar nas circulares e eixos norte sul.. ETC..ETC....

Se querem que vos diga, procuro andar sempre nas vias mais antigas incluído algumas vias classificadas de azinhagas, nas estradas militares ou nas primitivas saídas (ou entradas-depende!) de Lisboa. É muito engraçado porque essas grandes vias primitivas de saída e entrada são já do tempo da Lisboa Medieval e encontram-se quase sempre paralelas ás grandes vias actuais (da época após Duarte Pacheco) mas claro a uma cota de nível inferior, tipo achado arqueológico..... Essas vias descobrem-se quase intuitivamente numa primeira leitura das cartas militares ou até mesmo através “Google Earth” porque são assim como rios estreito, ou metamorfoseando ainda mais, são como que rugas do rosto da cidade!!..(ou estradas antigas de montanha!) estreitas e sinuosas agarradas ás curvas do terreno.

E o ultimo aspecto que quero deixar aqui expresso é cultural e é talvez o mais incontornavel ..! tem a ver com a vaidade e a imagem pessoal e em minha opinião é o que vai levar muitos anos até ser alterada no nosso imaginário! ......e nem me vou dar ao trabalho de dissertar em tão batido assunto.... só vos digo o que por graça e em face de alguma piadinha, costumo atirar aos meus amigos....que.... se um dia tiver os bolsos cheios de euros, adquiro a “Carcaça” de um “Bugatti Veyron” ou um “Ferrari 612 Scalaglieti”..... e ponho-lhe uns pedais..eh! eh!.... Bem... as minhas desculpas por ter sido tão longo, e ter dado dicas tão comuns para aqueles mais experientes,... só espero que o Paulo censure algumas partes....Mas ainda não quero terminar sem primeiro lhe dar os PARABENS e frisar que ele com esta iniciativa está a fazer mais por um certo humanismo para a cidade de Lisboa que todos autarcas do passado.

BOAS PEDALADAS

domingo, 8 de junho de 2008

Nuno Xavier - De Sete-Rios ao Campo pequeno

Caro Paulo,
Em primeiro lugar, mais uma vez os meus parabens e agradecimento pelo corajoso e inovador trabalho que tens vindo a desenvolver.
Em relação à utilização da bicicleta como meio de transporte regular, iniciei a utilização desta opção de mobilidade por volta do mês de Agosto do ano passado. Um dos grandes factores que me fez ponderar a utilização da bicicleta foram algumas viagens que fiz a cidades como Amsterdão, Londres, Estocolmo, Budapeste, Zurique, entre outras. Fiquei encantando com a qualidade de vida que testemunhei nestas cidades, tendo usado mesmo a bicicleta como meio de conhecer algumas delas e pensei para comigo - se no estrangeiro em cidades tão desenvolvidas e com pior clima que o nosso a bicicleta é uma opção de transporte porque não usar a minha bicicleta em Lisboa?

Dito e feito, comecei a aventurar-me pelas ruas de Lisboa, sendo o meu percurso casa - emprego de cerca de 2 km por sentido (Sete-rios - Campo Pequeno). Faço o trajecto passando pelas seguintes ruas: Estrada da Luz, Sete-Rios, Columbano Bordalo Pinheiro, Praça de Espanha, Avenida de Berna, Óscar Monteiro Torres.
Neste trajecto para o trabalho circulo de forma mista em estrada, nas vias mais largas e/ou com menos movimento (em que me sinto mais seguro), e nas vias com movimento mais intenso e veloz de automóveis circulo pelo passeio (caso da Avenida de Berna), com uma velocidade mais reduzida e cuidado com os peões.
As únicas inclinações relevantes que encontro são na ida para o trabalho a subida da Óscar Monteiro Torres e no regresso a casa a subida da Calçada da Palma de Baixo, as quais fácilmente ultrapasso com o recurso a uma velocidade baixa na minha bicicleta. O principal entrave a circular sempre pela estrada é o facto de não sentir em certas vias um espaço próprio para circulação de um veículo a baixa velocidade (raramente ultrapasso os 20 km por hora neste trajecto, sendo que os automóveis principalmente na Av de Berna chegam a passar os 70 km h...).

Em relação a alternativas para este trajecto ponderei e experimentei todas, e passo a resumi-las (os tempos apresentados são por trajecto):
- metro: cerca de 35 minutos (incluindo tempo a pé até chegar á estação, troca de linha no Marquês, e da estação de chegada ao trabalho), custo 18 euros mensais;
- a pé: cerca de 35 / 40 minutos, como custo a sola dos sapatos;
- carro: cerca de 8 minutos, custo revisão do carro por 200 euros anuais, gasolina uns 10 euros por semana; selo 30 euros, seguro 160 euros ano, inspecção uns 25 euros anuais; estacionamento 50 euros mensais (e estamos a falar de um Smart);
- bicicleta: 15 minutos, custo 12 euros de 6 em 6 meses para revisão e afinação;

A escolha pareceu-me tão óbvia que só me questionei porque demorei tanto tempo a optar por ela - como bónus deixei de me exercitar no ginásio ao estilo hamster na gaiola (correr ou pedalar sem sair do mesmo sítio), uso a minha energia física para algo de útil, passei a conviver mais com as restantes pessoas que circulam pela rua sem ser de automóvel, pelo que a viagem passou a ser uma experiência agradável por si mesma, e passo a interagir com o meio que me envolve, ao invés de estar sentado a ver a vida e as restantes pessoas do outro lado de um vidro a passar em ritmo rápido (andar de carro acaba por ser como vêr a realidade na TV sentado num sofá - observamo-la mas pouco ou nada interagimos com ela), e chego muito mais bem disposto e activo ao trabalho.

Passei ainda a usar a bicicleta incluisivé ao fim de semana, tendo conhecido nos últimos meses Lisboa como seria impossível conhecer de automóvel, tendo já por várias vezes subido mesmo ao Castelo, já circulei por todos os bairros históricos, etc....

Quanto ao equipamento para circular uso uma bicicleta com pneus de estrada (mais lisos e finos) e 21 velocidades (importantes nas subidas mais intensas), luzes e reflectores nas rodas e cadeados para a prender a qualquer poste ou gradeamento fixo, e uma mochila ás costas. Resumindo a minha experiência, penso que é perfeitamente viável a circulação por bicicleta em Lisboa e mais do que viável é mesmo desejável, por vários aspectos que já todos conhecemos, mas principalmente pelo nosso bolso, saúde, qualidade de vida e pelo nosso planeta - há que consciencializar e promover a utilização da bicicleta, dos transportes colectivos e da conjugação destas duas formas de mobilidade que podem ser perfeitamente compatíveis e complementares (criando-se as condições para tal, e com recurso também a bicicletas dobráveis).

Um grande abraço,
Nuno Xavier