sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Henrique Duarte - Geólogo - Dos Anjos a Alfragide

Caro Paulo, ouvi falar do teu trabalho nas notícias e foi com muito agrado que descobri o teu blog.

Escrevo para te agradecer o protagonismo que dás aos utilizadores regulares de bicicleta (que é o meu caso), pois acredito que tens contribuído para algumas mudanças positivas nas politicas da CML. Vi também que estás a reunir a “reunir relatos de quem já pedala em Lisboa”.

Como tenho visto que o exemplo ajuda, aqui vai o meu relato:

Chamo-me Henrique Duarte, tenho 33 anos, sou geólogo e vou diariamente dos Anjos para Alfragide, para o actual LNEG, herdeiro dos antigos serviços geológicos de Portugal (faça sol ou chuva)O trajecto é de cerca de 9,5 kms e demoro 35 min dos Anjos para Alfragide e 25 min no trajecto de retorno - é a descer :)

Nunca tive quaisquer sustos, sobretudo porque aproveito a ciclovia entre a serafina e a rotunda da Buraca (aprox. 4km dos 9,5 de viagem). O trajecto detalhado é o seguinte: Rua dos Anjos – Largo da Estefânia – Picoas – Corte Inglês – Mesquita – Policia Municipal – Serafina – Rotunda da Buraca – Alfragide.

Tenho colegas de trabalho que são meus vizinhos e, em dias de trânsito, eles chegam a demorar 1 hora a chegar a casa … e eu os meus 25 min da prache. Em dias normais, caso arranjem lugar para estacionar, demoram 20 minutos e eu… os 25 de sempre. Faço este trajecto desde 2006 e confesso que, inicialmente, custou-me um pouco a habituar. Vejo-me obrigado a fazer trajectos com grandes desníveis de cota pois o trajecto mais plano, ainda que mais longo, não é nada amigável para um ciclista: Av da Republica – Av. Berna – Sete Rios – Carolina Michaelis – Rotunda da Buraca – Alfragide. Entre 2004 e 2006 ia de São Domingos de Benfica para Alfragide - mais curtinho e francamente mais fácil.

Vamos ver se as famigeradas ciclovias sempre vão aparecer.

Com os meus melhores cumprimentos
Henrique Duarte

Francisco - Biólogo - Da Almirante Reis À Tapada da Ajuda

Da Almirante Reis à Tapada da Ajuda

Depois de 3 meses a experimentar estes 8 km de percurso bike (para cada lado), aqui fica um testemunho que poderá ajudar outros companheiros de aventuras na cidade.

Então aqui vai:Uma vez que moro mesmo ao pé do Largo do Intendente, opto por atravessar o Largo do Intendente em vez da mais movimentada e perigosa Almirante Reis. Faço, pois, Largo do Intendente e Travessa do Benformoso.

“Aproveito” os semáforos esquina da travessa do Benformoso com a Rua da Palma para conseguir fazer o percurso até ao Martim Moniz praticamente sem trânsito. Depois, praça da Figueira, Rua Augusta, Rua do Comércio, Praça do Município, Rua do Arsenal e Cais do Sodré. A Rua do Arsenal tem um piso particularmente antipático, e o meu principal receio na cidade: os eléctricos! No percurso de ida para o trabalho não há tanto problema como no regresso, em que nesta rua não há mesmo espaço para passar uma bika e um eléctrico… Anyway, são 10 minutos de casa ao Cais do Sodré. No Cais do Sodré passo para a estrada marginal ao rio (Avenida de Brasília), onde sigo até à Rocha Conde de Óbidos, onde me “meto” ainda mais junto ao rio para um passeio tranquilo até à Doca de Alcântara. Passo Alcântara por debaixo de terra, na passagem subterrânea da estação dos comboios. São 20 minutos de casa até aí. Depois, passo bem comportado pelas passadeiras até ao outro lado da rua, onde faço um curto trecho em contra mão (pela Rua da Cozinha Económica, é assim que se chama…), até ao largo das Fontaínhas e depois Calvário. A partir do Calvário é sempre a subir :( Rua José Dias Coelho, Rua dos Lusíadas, Rua da Indústria e Calçada da Tapada (pelo passeio, já que há poucos peões do lado do muro da Tapada).

São 30 minutos desde casa, apesar de ainda ter mais 10 minutos mais a subir dentro da Tapada da Ajuda. Mas isso já é problema meu… O regresso é mais rápido, descidas fantásticas até ao Calvário :), e depois, se tiver tempo, ainda faço um desvio pelo Cais do Gás (com umas esplanadas giras ao pé do Cais do Sodré) para ver o rio.

Faço o caminho inverso com uma pequena nuançe que considero interessante para quem quer ir para os lados da Almirante Reis: da Praça da Figueira sigo pela Rua João das Regras em direcção ao Poço do Borratém, depois passo no Martim Moniz pelo passeio por detrás do Centro Comercial e vou entrar direitinho na Rua do Benformoso, um trecho que cheira a multiculturalismo mas sem grandes problemas de trânsito. Vou desembocar novamente no Largo do Intendente (nunca tive problemas em termos de segurança, mesmo havendo personagens estranhos na parte final do Benformoso e Largo do Intendente) e depois… casa!

413 km de bicla (“a poderosa”) na cidade

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Jorge Carvalhinho - Técnico Informático - De Alvalade a Picoas

Comecei a fazer o Percurso casa trabalho mal cheguei a Portugal em 1998 vindo de dois anos em Munique .
Lá a bicicleta era Rainha . Ia para o trabalho , Para a Discoteca , Para os Bares .... Tudo de Bicicleta .

Na Altura morava na Amadora e trabalhava em S. Sebastião fazia diariamente o Percurso . Dois anos mais tarde já na PT deixei pois estava em Miraflores e o percurso era impossível .

Em 2004 com a mudança para Picoas e a aquisição de casa em Corroios voltou a me permitir o uso da minha Cannondale . Já a Fertagus, na Altura , tinha tido a visão de permitir o transporte gratuito das Bikes .

De St. Marta do Pinhal ia até á estação e depois fazia o trajecto Entrecampos-Picoas .

Desde Janeiro que moro em Alvalade perto do Mercado de Alvalade e faço o Percurso até Picoas diariamente .
No que diz respeito a condições climatéricas aprendi na Alemanha a andar á chuva , ao Sol e com Neve . Devido a isso uso sempre a Bike .

Como temos um país de 80% de Sol nem me afecta muito . Até hoje só apanhei três ou quatro molhas “Até aos Ossos” .
Tenho capacete mas por acaso não tenho usado . Ainda não tive nenhum acidente ...

O que poupo com o carro: Seguro/Estacionamento/Portagens/Gasóleo permitiu-me adquirir o meu sonho de Infância: Um Puro Sangue Lusitano .

Jorge Carvalhinho

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

José Martins – Da Charneca da Caparica a Algés

Sou Engenheiro Informático (Técnico), tenho quase 40 anos, e já fiz 40 dias de bicicleta da Charneca de Caparica para Lisboa no percurso que lhe enviei abaixo desde do dia 1 de Maio deste ano

Depois de me ter encontrado consigo na estação Fluvial de Belém, fiquei bastante solidário com o seu projecto. Deus queira que o Governo se decida rapidamente a fazer ciclo-vias em Lisboa e arredores.

Há muito que pensava utilizar a bicicleta como meio de transporte para o trabalho. Uma das grandes preocupações era a distância de minha casa ao trabalho, o perigo de circulação na estrada e o tempo que poderia demorar o percurso. A distância veio a revelar-se como sendo apenas psicológica. Apesar do percurso de carro ser aproximadamente 23Km, essa distância reduz para metade e ainda inclui um fabuloso intervalo de 15 minutos para o barco. (7km margem sul do tejo e 5Km margem de Lisboa/Algés de bike)

Tem ainda para além das vantagens apresentadas por outros utilizadores da bicicleta (diminuição de stress, melhoria do estado de saúde e forma física e redução de peso) a vantagem de ser a descer quando vou para o trabalho e a subir quando vou para o “duche” (para casa), a vantagem de ser um prazer andar de bicicleta na zona ribeirinha passando pelo Padrão dos Descobrimentos e pela Torre de Belém e a tal passagem no barco sobre o Tejo, desde Belém a Porto Brandão.

Comecei a fazer este percurso a 1 de Maio deste ano. Rapidamente verifiquei que conseguia fazer o percurso com a mesma duração do que de carro devido aos engarrafamentos de trânsito.

Também costumo utilizar moto para o trabalho, mas também esta passou para segundo plano devido ao facto do stress ser substancialmente menor no “passeio” de bicicleta.

(troco os 20 minutos de moto pelos 50 de bicicleta)

José Martins

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Miguel Branco - Do Algueirão a Adroana

Olá!

Apanhei o teu blog numa busca sobre viagens de bicicleta pelo o país (penso ir até ao algarve este verão) e fiquei encantado pelo trabalho desenvolvido para o qual te desejo a melhor das sortes na conclusão da tua tese. apenas lí por alto mas prometo que o vou explorar mais pois em breve pretendo explorar essa nova Lisboa que tu tão bem nos mostras. deixo aqui o meu breve testemunho.

Faço diariamente 25km de bicicleta entre Algueirão e Adroana (junto ao autodromo). aos fins de semana faço BTT na serra de sintra onde percorro uns 60km nos dois dias. Comecei há um mês para combater o meu excesso de peso (105kg para 178cm) e tem sido uma experiência fantástica. acompanhada com regime alimentar perdi 10kg num mês e a minha auto-estima e motivação encontram-se renovados. é realmente um meio de transporte alternativo ao automóvel a ter em conta pois poupa-se de muitas formas.

Praticamente que deixei de fumar, fumava 1,5 maços por dia agora estacionei nos 6 cigarros. Mais uma vez parabéns pelo trabalho!

Miguel

Nuno Borges - Designer Gráfico - De Carcavelos à Estefânia

Sou o Nuno Borges, tenho 34 anos sou designer gráfico e desde sempre que sou um apaixonado pelas bicicletas.

Começei nas BMX com 12 anos e desde essa altura nunca mais parei, com a particularidade de nunca me ter convertido ás mudanças ( vicio das BMX ) tenho uma btt, uma de estrada e uma cruiser, todas elas single speed (estou agora a pensar em adquirir uma Cannondale Hooligan 1, que tem mudanças de cubo).

Começei a utilizar a bicicleta para me deslocar para Lisboa quando frequentava a Uni. Lusófona (de Carcavelos ao Campo Grande) retomei o vicio anos depois, de Carnaxide á Praça do Comércio, e agora vou retomar mais uma vez, desde Carcavelos á Estefânia.Não custa tanto como a maioria julga (só na primeira semana) e depois de nos habituarmos, torna-se quase numa dependência, ficamos mais enérgicos e alegres sem qualquer dúvida.

Um grande abraço

Eliseu Almeida - Arquitecto - Da Graça ao Saldanha

«...Nestes 100 dias do Paulo tenho-o encontrado bastas vezes em variados locais da cidade e curiosamente, sempre ambos montados nos nossos cavalos de ferro movidos a pedais...Conheci-o numa das suas Formações de informática, eu na qualidade de aluno. Só lamento que quando dessa minha formação de Auto_Cad em 3D não ter percebido que o então simpático Formador era um fervoroso adepto das 2 rodas movidas a músculo, (será que na altura já o era?...nunca lhe perguntei!) porque nesse caso teria começado a transportar a bicicleta ao colo para as suas salas de aula... eh! eh! ..sim é o que eu faço sempre , nunca a deixo na rua....aquela minha velhinha “Proflex” que me acompanha á mais de 10 anos e que até já fez o caminho de Santiago Francês, varias competições e algumas travessias de Portugal. etc etc..... nunca ...mas nunca como podem calcular a deixo abandonada na via publica. Esse é um dos principais problemas com que nós ciclistas nos batemos...a vandalizasão e a segurança!Mas, note-se, ao nivela das infra-estruturas não esta melhor quem se vê obrigado a deslocar-se nesta quase caótica cidade de carrinho de bebés, cadeira de rodas ou carro de compras para pessoas idosas..! será que a sensibilidade para estas coisas está a mudar e um dia vamos ter pistas para transportes não poluentes por toda a cidade.....? Voltando atrás, posso referir que na época em que conheci o Paulo já andava de bicicleta por a cidade de Lisboa e até tinha a coragem de ir de onde residia nas Mercês, ( para quem não sabe, situa-se em Men Martins perto se Sintra) para a faculdade de Arquitectura, na Ajuda onde também á época dava aulas. Depois das aulas atravessava heroicamente Monsanto até o atelier no Saldanha e á noite, fazia percurso inverso . Se ainda me estão a ler devem também estar a pensar que fazia mesmo muitos quilómetros diariamente......! pois era....foi desta maneira arrojada que me introduzi no seio da selva automobilística da nossa querida cidade. No inicio do século percorria por prazer muitos quilómetros na montanha, (ou melhor em tudo que era montanha do nosso País!) e dai passar a andar na cidade aconteceu sobretudo por dois motivos...Querem saber?Sim!...Não....!..? Mas eu digo á mesma....O 1º Motivo foi que comecei a fazer uma tese de mestrado e ficava sem tempo nenhum para praticar na montanha o excitante BTT...(como sabem um praticante desta modalidade, mesmo com a montanha ao lado necessita pelo menos de 5horas diárias no mínimo 3 vezes por semana.)O 2º Motivo aconteceu porque tenho um amigo (o Zé Ferreira) que na altura apesar de adorar bicicletas odiava montanha....e como ele á época só se deslocava a pedais por toda a cidade convenceu-me a tentar a experiência...Quem me conhece sabe que também sou patinador (de in-line!) e nessa altura, tambem influenciado por as viagens a Paris patinava por o meio dos carros!.eh! eh!.. (mas isso são outras histórias!)Sim.... porque quando não há vias apropriadas para as “biclas” é necessário coragem e afastar aquele natural receio inicial para confraternizar com os automóveis! (e eu perdi-o com as 8 rodas em linha!)Mas a desbravar todo o núcleo da cidade e a deslocar-me sempre de bicla para todos os sítios, foi, como é natural, um processo progressivo .. a principio...só ia de bicicleta aos sábados de manhã para a Ajuda, onde como já disse, alem de dar aulas também as recebia para a tese. Como curiosidade posso salientar que despertava sobretudo duas fortes tendências de opinião naquele publico formado por alunos, funcionários e professores...!... havia os que achava piada e glorificavam a minha coragem e os que desprestigiavam tão insólita aventura!

Depois da descrição acima das minhas façanhas ciclistas, todos os caros colegas que nunca me viram mas que neste moomento me dão a satisfação de ler, devem calcular que este vosso “escriba” é um jovem atleta muito bem constituído... nada mais falso, já sou um “cota” há bastantes anos e franzino, mas ....mas.....faço desporto para tentar manter-me em forma, porque acredito no conselho esclarecido de vários entendidos e também no do nosso conhecido e amigo estudante de medicina Loic Lhopitallier (ele escreve no Blogue do Paulo) ....que diz: - que... ao estarmos em forma fisica se desfruta a vida duma maneira muito mais deliciosa e envolvente!..humm!... esse nosso amigo tem razão, não tem? E pronto , para terminar vou deixar aqui expresso, exclusivamente para os leitores mais jovens do Bloque do Paulo (se os houver, claro!) e...que se queiram iniciar nesta aventura da mobilidade por bicicleta , o testemunho do que entendo serem os principais “prós e contras”!

Á partida, temos um preconceito muito grande mas que cai por terra assim que subimos para uma pedaleira!!! Que é a de que Lisboa é uma cidade intransponível de 7 colinas.....conhecendo bem a sua geografia, todos sabemos que podemos ir para o mesmo local de uma maneira rápida e um pouco esforçada ou usando um percurso alternativo mais extenso mas também muito mais suave.Outra assunto que os não utilizadores ou mesmo os ciclistas mais cépticos se intrigam e questionam é a questão da transpiração....e da roupa que se suja! Como sabemos quem se mantém em forma e se habitua a pedalar(..os tais hábitos e memória musculares!) transpira muito pouco... mas para alem disso existem os reguladores de transpiração, os “toalhetes” de bebé, os sabonetes e as toalhas em todas as casas de banho dos nossos locais de destino...(os Franceses inventaram o perfume!isso para os mais preguiçosos). ..... tenho sempre roupa limpa nesses espaços onde estou mais horas e aonde normalmente chego de bicicleta..(atelier, casa da namoradas, dos amigos.ginasios.etc.) e uso sempre nas deslocações blusas respiráveis compradas nas lojas da especialidade..ou seja..."caras" mas também de muito boa qualidade...(que preservam do calor ou do frio e deixam sempre respirar...ah pois!)

Hoje, em minha opinião, o medo por os carros já não se fundamenta. Devemos é claro, manter o respeito e a concentração, porque distracções, como é evidente, todos podemos ter em fracções de segundo a conduzir....! mas....tenho notado que já há uns anos para cá os automobilistas estão muito mais sensibilizados para o ciclista. Aconselho é sempre que montamos uma bicla a andarmos muito bem sinalizados e com como referi, os reflexos sempre muito bem apurados...qualquer distracção pode ser dolorosa..eh! eh!.....e claro evitar os túneis e as vias onde os automóveis andam “a abrir”...como por exemplo a 24 de Julho para já não falar nas circulares e eixos norte sul.. ETC..ETC....

Se querem que vos diga, procuro andar sempre nas vias mais antigas incluído algumas vias classificadas de azinhagas, nas estradas militares ou nas primitivas saídas (ou entradas-depende!) de Lisboa. É muito engraçado porque essas grandes vias primitivas de saída e entrada são já do tempo da Lisboa Medieval e encontram-se quase sempre paralelas ás grandes vias actuais (da época após Duarte Pacheco) mas claro a uma cota de nível inferior, tipo achado arqueológico..... Essas vias descobrem-se quase intuitivamente numa primeira leitura das cartas militares ou até mesmo através “Google Earth” porque são assim como rios estreito, ou metamorfoseando ainda mais, são como que rugas do rosto da cidade!!..(ou estradas antigas de montanha!) estreitas e sinuosas agarradas ás curvas do terreno.

E o ultimo aspecto que quero deixar aqui expresso é cultural e é talvez o mais incontornavel ..! tem a ver com a vaidade e a imagem pessoal e em minha opinião é o que vai levar muitos anos até ser alterada no nosso imaginário! ......e nem me vou dar ao trabalho de dissertar em tão batido assunto.... só vos digo o que por graça e em face de alguma piadinha, costumo atirar aos meus amigos....que.... se um dia tiver os bolsos cheios de euros, adquiro a “Carcaça” de um “Bugatti Veyron” ou um “Ferrari 612 Scalaglieti”..... e ponho-lhe uns pedais..eh! eh!.... Bem... as minhas desculpas por ter sido tão longo, e ter dado dicas tão comuns para aqueles mais experientes,... só espero que o Paulo censure algumas partes....Mas ainda não quero terminar sem primeiro lhe dar os PARABENS e frisar que ele com esta iniciativa está a fazer mais por um certo humanismo para a cidade de Lisboa que todos autarcas do passado.

BOAS PEDALADAS

domingo, 8 de junho de 2008

Nuno Xavier - De Sete-Rios ao Campo pequeno

Caro Paulo,
Em primeiro lugar, mais uma vez os meus parabens e agradecimento pelo corajoso e inovador trabalho que tens vindo a desenvolver.
Em relação à utilização da bicicleta como meio de transporte regular, iniciei a utilização desta opção de mobilidade por volta do mês de Agosto do ano passado. Um dos grandes factores que me fez ponderar a utilização da bicicleta foram algumas viagens que fiz a cidades como Amsterdão, Londres, Estocolmo, Budapeste, Zurique, entre outras. Fiquei encantando com a qualidade de vida que testemunhei nestas cidades, tendo usado mesmo a bicicleta como meio de conhecer algumas delas e pensei para comigo - se no estrangeiro em cidades tão desenvolvidas e com pior clima que o nosso a bicicleta é uma opção de transporte porque não usar a minha bicicleta em Lisboa?

Dito e feito, comecei a aventurar-me pelas ruas de Lisboa, sendo o meu percurso casa - emprego de cerca de 2 km por sentido (Sete-rios - Campo Pequeno). Faço o trajecto passando pelas seguintes ruas: Estrada da Luz, Sete-Rios, Columbano Bordalo Pinheiro, Praça de Espanha, Avenida de Berna, Óscar Monteiro Torres.
Neste trajecto para o trabalho circulo de forma mista em estrada, nas vias mais largas e/ou com menos movimento (em que me sinto mais seguro), e nas vias com movimento mais intenso e veloz de automóveis circulo pelo passeio (caso da Avenida de Berna), com uma velocidade mais reduzida e cuidado com os peões.
As únicas inclinações relevantes que encontro são na ida para o trabalho a subida da Óscar Monteiro Torres e no regresso a casa a subida da Calçada da Palma de Baixo, as quais fácilmente ultrapasso com o recurso a uma velocidade baixa na minha bicicleta. O principal entrave a circular sempre pela estrada é o facto de não sentir em certas vias um espaço próprio para circulação de um veículo a baixa velocidade (raramente ultrapasso os 20 km por hora neste trajecto, sendo que os automóveis principalmente na Av de Berna chegam a passar os 70 km h...).

Em relação a alternativas para este trajecto ponderei e experimentei todas, e passo a resumi-las (os tempos apresentados são por trajecto):
- metro: cerca de 35 minutos (incluindo tempo a pé até chegar á estação, troca de linha no Marquês, e da estação de chegada ao trabalho), custo 18 euros mensais;
- a pé: cerca de 35 / 40 minutos, como custo a sola dos sapatos;
- carro: cerca de 8 minutos, custo revisão do carro por 200 euros anuais, gasolina uns 10 euros por semana; selo 30 euros, seguro 160 euros ano, inspecção uns 25 euros anuais; estacionamento 50 euros mensais (e estamos a falar de um Smart);
- bicicleta: 15 minutos, custo 12 euros de 6 em 6 meses para revisão e afinação;

A escolha pareceu-me tão óbvia que só me questionei porque demorei tanto tempo a optar por ela - como bónus deixei de me exercitar no ginásio ao estilo hamster na gaiola (correr ou pedalar sem sair do mesmo sítio), uso a minha energia física para algo de útil, passei a conviver mais com as restantes pessoas que circulam pela rua sem ser de automóvel, pelo que a viagem passou a ser uma experiência agradável por si mesma, e passo a interagir com o meio que me envolve, ao invés de estar sentado a ver a vida e as restantes pessoas do outro lado de um vidro a passar em ritmo rápido (andar de carro acaba por ser como vêr a realidade na TV sentado num sofá - observamo-la mas pouco ou nada interagimos com ela), e chego muito mais bem disposto e activo ao trabalho.

Passei ainda a usar a bicicleta incluisivé ao fim de semana, tendo conhecido nos últimos meses Lisboa como seria impossível conhecer de automóvel, tendo já por várias vezes subido mesmo ao Castelo, já circulei por todos os bairros históricos, etc....

Quanto ao equipamento para circular uso uma bicicleta com pneus de estrada (mais lisos e finos) e 21 velocidades (importantes nas subidas mais intensas), luzes e reflectores nas rodas e cadeados para a prender a qualquer poste ou gradeamento fixo, e uma mochila ás costas. Resumindo a minha experiência, penso que é perfeitamente viável a circulação por bicicleta em Lisboa e mais do que viável é mesmo desejável, por vários aspectos que já todos conhecemos, mas principalmente pelo nosso bolso, saúde, qualidade de vida e pelo nosso planeta - há que consciencializar e promover a utilização da bicicleta, dos transportes colectivos e da conjugação destas duas formas de mobilidade que podem ser perfeitamente compatíveis e complementares (criando-se as condições para tal, e com recurso também a bicicletas dobráveis).

Um grande abraço,
Nuno Xavier

terça-feira, 20 de maio de 2008

Marco Castro - Comercial e Informático - De Odivelas a Alfragide

Sou o Marco Castro, tenho 31 anos, sou residente na zona de Odivelas e até há bem pouco tempo trabalhava na zona de Alfragide.

Utilizei a bicicleta com muita regularidade nas deslocações casa \ emprego passando pelo centro de Lisboa. O meu trajecto era: Odivelas --> Calçada de Carriche --> Campo Grande --> Cidade Universitária --> Hospital de Sta Maria --> Univ Católica --> Sete Rios --> Twin Towers --> Ciclovia junto á Radial de Benfica --> Pina Manique e finalmente Alfragide.

Eram cerca de 12 km para cada lado que eram percorridos em 45 min de manhã e 35 á tarde. Durante o tempo que usei a bicicleta para as deslocações para o emprego, o meu peso diminuiu, a conta bancária aumentou, o carro não desvalorizou tanto e o meu humor bem como a forma física aumentaram consideravelmente. Sou portanto da opinião de que a nossa cidade de Lisboa é perfeitamente ciclável desde que se tomem as providências necessárias para a circulação urbana de velocipedes. Deixo aqui alguns concelhos aos novos utiizadores de bicicletas na cidade:

Equipamento "obrigatório"_
- Impermeável para os dias mais chuvosos
- Sistema de anti-roubo
- Capacete
- óculos por causa da poluição \ mosquitos etc....

Para a bicicleta:
- Guarda-Lamas
- Campaínha audível
- Grelha para levar malas
- Alforges \ malas para transporte de bens essenciais (roupa, portátil etc...)
- Iluminação frente e trás
- Colete reflector (se circularem de noite)
- Selim confortável
- Travões eficazes mesmo em chuva
- Pneus +/- lisos para evitar o atrito dos tacos no asfalto.

No meu caso particular adaptei uma BTT de gama média onde instalei os componentes acima referidos. Tendo mudado agora de local de emprego estou a tentar obter condições sanitárias para tomar banho quando me começar a deslocar de bicicleta novamente para o local de trabalho.

Entretanto espero que esta "familia" se comece a expandir e a angariar elementos.

Bem hajam! Marco Castro

Hugo Jorge – Psicólogo - Entre a Amadora, Odivelas e Lisboa

Em criança sempre tive um fascínio por bicicletas. Lembro-me que ao fim de semana acordava muito cedo, enquanto todos ainda estavam a dormir, apenas para ir andar de bicicleta. Nessa altura tinha uma bicicleta com costas e volante largo. Depois tive uma BMX amarela e vermelha. Reparo hoje que onde morava existiam poucos carros apesar de ser nos arredores de Lisboa. Estamos a falar de há 20-25 anos atrás. Nem sequer me recordo de carros estacionados nas ruas. As ruas eram espaços de brincadeira e onde eu podia andar de bicicleta sem qualquer receio. Durante a adolescência deixei de andar de bicicleta. Poucas eram as pessoas que andavam e eu não queria ser “o diferente”. Apesar disso lembro-me da minha primeira BTT comprada num supermercado com as poupanças dos trabalhitos de Verão.

A minha redescoberta do prazer de andar de bicicleta surgiu em 2005, depois de uma visita a Barcelona. Fiquei fascinado com a quantidade de pessoas a andar de bicicleta. Vi muitas bicicletas dobráveis e decidi que haveria de regressar a Lisboa com uma. E dito e feito. Foi nessa mesma altura que para além do prazer descobri outros benefícios: mais saudável, mais económico e obviamente com menor impacto no ambiente. Comecei a pesquisar tudo o que encontrava na Internet sobre o assunto e acabei por descobrir a Massa Critica, a FPCUB e outras organizações estrangeiras.

Actualmente utilizo a bicicleta como transporte em pequenas deslocações diárias: ir aos correios, farmácia, fazer compras na mercearia, ir a casa dos meus pais e por vezes para um dos consultórios onde trabalho. Procuro utilizar o meu carro em viagens estritamente necessárias. Fora estas, recorro cada vez mais à bicicleta e aos transportes públicos.

Vejo cada vez mais pessoas a andar de bicicleta. Vejo também cada vez mais pessoas a organizarem-se em torno de um objectivo comum: promover a bicicleta como meio de transporte.

Posso dizer-vos que não passa um dia sem que veja pessoas a andarem de bicicleta em Lisboa e arredores. E não são os utilizadores de lazer ou desportivos. São pessoas normais como eu ou tu que se deslocam de bicicleta para ir trabalhar, estar com amigos ou familiares, ir às compras, etc. Qualquer dia já não conheço a maioria dos ciclistas que passam por mim na rua. Esse dia está cada vez mais próximo. E ainda bem.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Paulo Ferrão - Engº Mecânico - Da Damaia a S. Apolónia

Caro Paulo,

Começando pelo início, também sou um apaixonado pela bicicleta e sempre a usei para actividades de lazer até ao final de 2004. Em finais de 2001 vim trabalhar para Lisboa e já na altura pensava como haveria de fazer para ir de bicicleta de casa (Catujal, perto de Sacavém) para o trabalho (na CP em Santa Apolónia) aproveitando o percurso à beira Tejo.

Apesar do trajecto ser plano os cerca de 16km em cada sentido feitos a bom ritmo fazem suar e a minha preocupação era a logística necessária, encontrar um balneário para um duche rápido, onde deixar a bicla e também alguma falta de coragem...Até que um belo dia de outono de 2004 (motivado por um colega de trabalho) decidi a fazer as primeiras "viagens". Na verdade os aspectos logísticos não eram o verdadeiro problema, a entrada do escritório tem um segurança 24/7 e para os duches recorro aos balneários dos manobradores da CP/REFER. E assim começou a tornar-se uma rotina quase diária, 3-4 dias por semana.

Desde Novembro 2006 a rotina recomeçou após um ano de ausência no estrangeiro e mudou, mas apenas no trajecto. Agora moro na Damaia, junto à estação, mas o destino continua a ser o mesmo e passou a ser mais agradável. Para além do percurso regular e mais directo a atravessar Lisboa, por vezes alterno, quando consigo sair da cama mais cedo, com uma passagem por Monsanto via Belém ou então Algés e sigo pela beira Tejo. A frequência também subiu para os 4-5 dias. Actualmente o meu objectivo seria usar a bicicleta em todas as deslocações (apesar de usar os transportes públicos, tenho carro mas faço muito pouco uso dele, essencialmente para as compras) de forma mais convencional sem ter de carregar com uma muda de roupa e estar
dependente da existência de balneários no destino. Mas por outro lado agrada-me fazer alguns quilómetros e até já pensei ir morar para Oeiras :) .

Não me alongado mais apenas queria acrescentar alguns aspectos já partilhados por outros ciclistas:- é indiscutível o bem estar físico e acima de tudo mental que esta rotina proporciona;- da minha experiência andar na estrada com automóveis não é perigoso, há que estar atento como qualquer outro condutor e os automobilistas até são na maioria simpáticos (com algumas excepções). Espero ter a oprotunidade de nos cruzarmos por Lisboa para nos conhecermos. Cumprimentos e boas pedaladas,

Paulo Ferrão

Didier H. - Designer - Da Paiva Couceiro à Braamcamp

Olá Paulo,

Parabéns pelo teu projecto muito construtivo.Tenho 38 anos, 18 anos de deslocação de bicicleta em meio urbano, dos quais 8 anos em Lisboa. Quando me mudei para cá, é lógico que continuei a usar a bicicleta para as minhas deslocações na cidade. Depois de ter vivido e pedalado em Grenoble e Paris, França, só podia ser melhor continuar a pedalar em Lisboa onde as condições meteorológicas são muito mais favoráveis.E as famosas "colinas"? Vamos lá ver:- em Paris, morava num ponto alto da cidade e trabalhava no centro: eram 15 minutos de descida de manhã e 30 minutos de subida à noite. Nunca achei isto fisicamente problemático ou particularmente aborrecido. Para quem não sabe, as bicicletas também têm mudanças que permitem aliviar o nosso motor (as pernas).- da minha casa em Lisboa, tenho um acesso muito fácil a uma grande parte da cidade. No norte há, numa grande extensão, um planalto. As av. de Roma, Av da Republica, Alvalade, Campo Grande, Telheiras, Benfica etc. são totalmente planos. E estando quase à mesma altitude que a Graça ou o Rato / Principe Real, consigo chegar a Alfama ou ao Bairro Alto sem grande esforço, seguindo as linhas de níveis, pois, o melhor caminho nem sempre é o mais curto. No entanto, é “sempre a andar” e não perco tempo em estacionamento. Quinze minutos de porta a porta da minha casa até ao escritório da Alexandre Herculano, A horas de ponta... impossível de carro.Tirei a carta aos 18 anos mas nunca tive carro próprio. Alugo um de vez em quando para um fim de semana fora ou quando não tenho outra alternativa. Assim, seria para mim absurdo ter um carro morando no centro da cidade, ainda por cima com transportes públicos à porta.As principais motivações para usar a bicicleta:- deslocação fácil e rápida de um ponto a outro sem constrangimentos (trânsito, estacionamento, etc.) e sem ficar dependente dos transportes públicos;- sensação de "viver a cidade": ver e ouvir o que um carro ou o metro não permite. Poder parar em qualquer sítio ou decidir mudar de caminho só pelo prazer de descobrir outros cantos da cidade;- é saudável;- é económico;- é ecológicoAlguns conselhos para quem quer dar as primeiras pedaladas na cidade: não hesitem em investir numa bicicleta de qualidade, confortável e bem equipada com selim largo e, eventualmente, suspensões para compensar as trepidações das ruas em mau estado, um porta-bagagens para o computador portátil ou para as compras, um guarda lama para os dias de chuva, travões de qualidade, luzes (com dínamo, para nunca falhar) e uma campainha a sério para maior segurança. O capacete é para mim algo ao qual ainda não me rendi... Nunca usei porque nem sequer havia capacetes quando comecei a andar de bicicleta e porque iria, para mim, tirar uma grande parte dessa sensação de facilidade de uso da bicicleta. Não é preciso nenhum equipamento nem fato especial (espacial :^) para andar. Infelizmente, não chegámos ao ponto dos países com maior prática (Alemanha, Holanda, França etc.) onde o capacete é minoritário por terem integrados a bicicleta como um prolongamento natural da deslocação a pé. Mas, obviamente, o capacete pode fazer a diferença em caso de acidente.Acidente! Do meu ponto de vista, a primeira FONTE de acidente são os peões e não os carros (mas obviamente, sem as consequências de um acidente com carro) por serem menos previsíveis. Em 18 anos de deslocação urbana, tive 2 pequenos acidentes (sem danos corporais) e nunca provocados por carros - apesar de um ter acabado com um contacto com carro. Muitas vezes, os peões atravessam sem olhar porque não se apercebem da proximidade das bicicletas (por serem silenciosas). Sem falar das portas de carros estacionados que abrem de repente. Por isso, é um erro ficar colado ao passeio. É muito mais seguro andar mais pelo meio da faixa para obrigar os carros a abrandar, e ultrapassar, como se fosse um carro, de forma a manter a possibilidade de desvio repentino, sem se ser atropelado por um carro "rasante". Resumindo: é importante ocupar a via!Pessoalmente sou bastante respeitador dos sinais (que permitem fazer pausas regulares) e outros, tais como de sentidos únicos porque se quero ser considerado como um qualquer outro veiculo que partilha a via pública, tenho de seguir as mesmas regras. Só não aplico a regra suicida de ficar sempre na faixa mais à direita numa rotunda (como quer o código de estrada para as bicicletas salvo erro) - sobretudo numa rotunda grande como a do Marquês Pombal onde os carros saiam a abrir. Nunca uso os passeios que são, do meu ponto de vista, espaço exclusivo dos peões.Boas pedaladas.

Rui Sousa - Gestor - Da Alta de Lisboa à Av. da Liberdade

Tudo começou há sensivelmente 14 anos.

Curiosamente quando acabei de tirar a carta, comprava várias revistas de automóveis e tinha o sonho secreto de ser piloto de automóveis ... Desde os meus 10-12 anos que tinha uma BMX da Esmaltina. Já estava a dar as últimas, pelo que comprei numa loja de motas das Charneca da Caparica uma BTT linda, cinzenta clara. (aqui que ninguém nos ouve, um grande chasso). Gostei tanto da bicicleta que resolvi deixar de pedalar apenas na férias e trouxe-a para Lisboa, para dar umas voltas por cá. Os meus pais não acharam muita piada, tinham medo do trânsito, inventaram a desculpa da falta de espaço em casa ... mas depois de umas birras minhas lá consegui ficar com oc hasso em Lisboa! Comecei a dar umas voltas ao fim-de-semana com os amigos, por Lisboa, incluindo Monsanto. Primeiro 20 km, depois 30, 40, 50 km. E pensei: Se eu consigo fazer 50 km sem grande esforço, porque não faço 5 ou 10 para ir aos sítios onde preciso, em vez de ir de transporte públicos ou de carro? Além disso é uma forma de treinar e melhorar ainda mais a forma física! E assim foi. Comecei a ir de Benfica à Cidade Universitária (ISCTE), substituindo o Metro. Ou de Benfica à Povoa de Santo Adrião, substituindo o carro.

Nessa altura era um verdadeiro ET. Raramente via mais alguém a andar debicicleta por Lisboa e quase toda a gente me devia achar meio maluquinho :) Quando encontrava mais alguém nas ruas de bicicleta quase que parava para ver se não estava a ter alucinações. Com o passar dos anos fui melhorando a minha forma física, ganhando peso e perdendo muita barriga. As deslocações diárias ficavam cada vez mais fáceis e as voltas de fim-de-semana maiores e ultrapassando percursos mais difíceis, essencialmente em terra. Ainda me lembro do dia em que fiz pela primeira vez 100 km, com o passeio de Lisboa Antiga de manhã e uma volta pelo Parque das Nações à tarde. Algum tempo depois fiz 205 km, num Tróia-Sagres, quase 9 horas a pedalar! Passados alguns anos acabei o curso e comecei a trabalhar. No início não ía de bicicleta, ainda iam pensar que era maluco e despediam-me...mas andava vaidoso por ter comprado uma bicicleta nova, um dia resolvi ir a pedalar para a mostrar aos colegas. Foi fácil, rápido e não fui despedido! Fui repetindo a experiência e passado algum tempo a aventura passou a diária. Como no local onde trabalhava não tinha que usar fato e gravata, tinha lá sempre roupa suplente, que usava para trocar nos dias de maior calor ou quando apanhava chuva a meio caminho. Por esta altura (2000-2001) já não era visto como um fugitivo da Av. Do Brasil e começava a ver mais pessoas a pedalar por Lisboa. No primeiro dia sem carros convenci uma colega a pedalar até ao trabalho. Fomos de Telheiras até ao Saldanha, mas ela sem ciclovias tinha medo dos carros e não repetiu a experiência nos restantes dias. Comecei também a organizar passeios nos fins-de-semana com os colegas do trabalho. Alguns passeios tinham mais de 30 pessoas, entre colegas e os amigos e familiares deles. Ficou provado que mesmo quem não utilizava a bicicleta há muitos anos, conseguia fazer 20-30 km sem grande dificuldade!

Em 2005 mudei de emprego (para o Campo Pequeno) e já me tinha também mudado para a Alta de Lisboa, no Lumiar. Como tinha de ir de fato e gravata e o percurso era rápido de metro, deixei de usar a bicicleta nesse percurso. Mas a minha namorada morava no Alto da Ajuda, ia para lá de bicicleta 2 a 3vezes por semana, pelo que passei a fazer ainda mais quilómetros! Em 2006 mudei novamente de emprego, para a Av. da Liberdade. Novamente fato e gravata e a bicicleta em casa. Mas nesse ano houve uma série de greves dos transportes, pelo que entre fazer a pé 7 km ou ir de bicicleta, escolhi a 2ºopção. Falei com os porteiros para arranjar um espacinho na garagem e voltei à minha rotina antiga.

Actualmente vou de bicicleta para o emprego uma média de 3 vezes por semana. Como em 2 desses dias venho almoçar a casa, faço no total 75 km por semana, 300 km por mês!Faço o percurso Alta de Lisboa, Calvanas, Av. Brasil, Ciclovia Campo Grande, Entrecampos, Saldanha, Av. Duque de Loulé, Marques de Pombal, Av. daLiberdade. Para voltar não vou pela Av. Brasil, seguindo para o Campo Grande, Lumiar, Quinta das Conhas, Alta de Lisboa. A ir demoro cerca de 20 minutos, enquanto de metro demoro 35. De automóvel não sei quanto tempo demoraria, mas o engarrafamento para as Calvanas começaa 100 metros da minha porta de casa! A regressar, com mais subidas, demoro 25-30 minutos.

Em termos de equipamento, tenho uma BTT hidrida em aço, da Masil. É muito confortável por o quadro ser em aço, apesar de não ter suspensão. Tenho uma mala na traseira, com um suporte preso ao espigão do selim e outra pequena mala no guiador. Luzes de Leds atrás e à frente e uma pequena campainha. Os pneus são do tipo "slick" mas bastante largos, pois as ruas da capital são autênticos "down-hills" dos mais radicais! O meu equipamento é composto por 2 elásticos de escritório para prender as calças à perna (e não as sujar na corrente); um colete reflector; e sempre, mas sempre, CAPACETE. Se tiver calor, a gravata vai na mala. Vou só com a camisa, pois deixo o casaco de alguns fatos no trabalho, caso tenha de ir a alguma reunião mais formal.

Deixo aqui uma nota sobre o CAPACETE. Muitas das pessoas que só andam de bicicleta na cidade dizem que o capacete não lhes faz falta. “Faz falta é no BTT”, pois aí há pedras, arvores, buracos. Pois estão completamente engandos. No BTT há esses obstáculos todos. Mas na cidade temos lancis de passeios, carros, portas de carros que se abrem, asfalto mais duro que terra, carris de eléctricos, tampas de esgoto partidas. Se tivesse que escolher entre usar capacete só no BTT ou só na cidade, sem dúvidas nenhumas que escolhia a cidade.

Desde o ano 2000 já tenho 50.000 km feitos em cima da bicicleta. A única vez que amolguei um capacete foi na Av. Almirante Reis, quando ia a descer a 10km/h, quase a parar num semáforo. Não percebi porque caí...por isso, usem sempre o CAPACETE! Espero-vos ver por aí na cidade de bicicleta!

Rui Sousa

terça-feira, 13 de maio de 2008

Rita Ferreira - Gestora de Empresas - Das Torres de Lisboa à Univ. Católica

Desde pequena que adoro andar de bicicleta e já no meu tempo de estudante universitária utilizava este meio de transporte para me deslocar frequentemente desde a Av. E.U.A., onde vivia com os meu pais, até à Universidade Católica onde estudava.

Quando surgiram os primeiros parquímetros de Lisboa, e eu trabalhada numa empresa em frente ao actual edifício do El Corte Inglês, voltei a usar ainda com maior frequência a bicicleta, pois era de facto o meio de transporte mais rápido (demorava 14 minutos de casa ao meu gabinete num 7º andar da Av.António Augusto Aguiar, enquanto de carro raramente o conseguia fazer em menos de 20/25 minutos) e também o mais cómodo e barato (não havia nem metro nem autocarros directos para esse local e levando carro tinha que me deslocar ao parquímetro pelo menos 3 vezes por dia para o alimentar o que se tornava muito caro e aborrecido).

Mas, foi em Barcelona onde vivi de 1999 a 2004, e mais de 1 ano sem carro, e depois mais tarde, em Cergy-Pointoise (perto de Paris), que fiquei verdadeiramente obcecada por usar o carro apenas nos dias em que ou chovia muito, ou tinha que carregar muitos livros para a Universidade ou precisava de ir depois a qualquer outro lado ou de ficar até mais tarde... Agora que voltei a trabalhar na Universidade Católica e que vivo ainda mais perto desta (demoro cerca de 10 minutos para ir e apenas 8 minutos para regressar a casa) tento ir muitos dias de bicicleta para o trabalho, pois sinto que me faz bem à saúde física, mental e ambiental.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Fernando D. - PSP - Da Moita à Praça de Espanha

Olá Paulo

Venho dar-lhe o meu testemunho como utilizador de bicicleta, sendo eu adepto de B.T.T., há muito tempo que ando de bicicleta , mas era só ao fim-de-semana e a regularidade nem sempre era a mais desejada. Pelo que quando ía andar, a forma física não era muita, o que tornava os meus passeios de B.T.T., um misto de sacrifício e prazer.

Só que em 2006 surgiu uma oportunidade, como sabe sou Agente da P.S.P., e prestava serviço na esquadra da Praça do Comércio, onde iniciei um novo projecto, de efectuar o patrulhamento da zona da Baixa-Chiado em bicicleta. O que foi um passo importante para desmistificar a ideia de que policia de bicicleta só nas praias, trazendo este meio de patrulha para o centro da cidade.

E assim passei dois belos Verões (só andávamos de verão, por falta de equipamento de inverno ), a trabalhar de bicicleta pela bela cidade de Lisboa, pela zona da Baixa-Chiado, Av. da Liberdade e Castelo de São Jorge. SIM, íamos ao castelo de bicicleta, a vista valia o esforço.

Só que em Outubro de 2007, mudei-me para a Policia Municipal de Lisboa e comecei a patrulhar de Segway, que é um bicho engraçado, mas prefiro a bicicleta. Por isso espero que a Policia Municipal um dia também aposte na bicicleta como meio de patrulha da nossa cidade.

Como deixaram de me pagar para andar de bicicleta todos os dias, tive de pensar numa solução. Por isso, desde Fevereiro tenho vindo de bicicleta para o trabalho. O percurso que faço é quase todo feito em estrada, venho desde a minha casa na Moita até à estação ferroviária de Coina.

O percurso é de 14 Km, que percorro em 30 minutos (de carro demorava 20 minutos), a uma velocidade média de 24 Km/h. Em Lisboa vou de Sete-Rios à Praça de Espanha, que são 2 minutos.

Foi uma bela decisão, porque melhoro a minha forma física e também a minha disposição, esta melhora quando vou de bicicleta. E os meus passeios de B.T.T. já é só prazer.

Mais uma vez Paulo, gostava de lhe dar os parabéns pelo projecto, e que existam mais iniciativas destas em prol do uso da bicicleta como meio de transporte citadino.

Os meus cumprimentos

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Hugo van Zeller - Gestor - De Carcavelos ao Saldanha

Caro Paulo,

Devo dizer que adoptei este novo meio de transporte a full-time há alguns meses, e foi de longe a melhor opção que tomei nos últimos anos.Os que me chamavam de louco no princípio estão agora a pensar 2 vezes nas vantagens deste novo formato, ou até diria de estilo de vida...Vantagens? Poupança na carteira e nos nervos; poupança do ambiente; ginásio gratuito todos os dias, facilidade de mobilidade, etc... Se calhar acima de tudo o divertimento - a prova disso são as histórias engraçadas que vou coleccionando diariamente.

Comecei com o meu colega João Felizardo, também presente nestes comentários, quando decidimos procurar uma alternativa ao carro e aos transportes públicos. Quase todos os dias vamos de bicicleta, e de fato, por essa cidade fora e não há um dia que não tenhamos um ataque de riso com toda esta história. Como vimos da linha de Cascais aderimos às bicicletas desdobráveis (Dahon) para podermos pô-las no comboio. Chegando a Lisboa é só pedalar - chegando à empresa estamos com um sorriso estampado na cara. (Já agora sou gestor comercial de uma empresa de Marketing, tenho 38 anos, sou solteiro e moro em Carcavelos).

Por curiosidade, conheci-te nas ruas de Lisboa, na zona do Saldanha onde trabalho, onde nos cruzámos de bicicleta como não podia deixar de ser... descemos a Fonte Pereira de Melo até ao Marquês de Pombal onde ficámos à conversa e me contaste o teu projecto que desde início achei interessantíssimo. Há que implementar este meio de transporte útil, não poluente e divertido - seja para lazer, para trabalhar ou para desporto, ou ainda para recebermos os nossos visitantes estrangeiros, tão habituados a este veículo.

Por minha parte gostaria de deixar um apelo: Meus amigos, às vezes temos que sair da nossa zona de conforto e arriscar. Os resultados podem ser surpreendentes como foi o meu caso, e acreditem que a vida muda, para melhor. Esta cidade, como tantas outras, precisa de alternativas ao trânsito, às filas, ao engarrafamento, ao stress. Não há espaço para andar nos passeios cheios de carros estacionados. Além disso fala-se tanto em encontrar soluções para o nosso planeta e para o buraco do ozono... querem melhor maneira do que esta? Pode ser um excelente princípio. Vá não custa nada...

Abraço, Hugo van Zeller

sexta-feira, 21 de março de 2008

Os "100 dias" nos Media ... e não só.

01/01/2008 - Reportagem do arranque do projecto, emitida no Jornal da Noite da SIC e na SIC Notícias, no dia seguinte.
14/03/2008 - Artigo publicado no Jornal Destak, sobre o projecto dos "100 dias".
17/03/2008 - Artigo publicado no Jornal Global, sobre o projecto dos "100 dias".
17/03/2008 - Participação, como orador, no seminário sobre Modos suaves de Transporte nas Cidades, promovido pela C.M. de Lisboa.
--/03/2008 - Entrevista publicada no Jornal Público, sobre o projecto dos "100 dias".
--/03/2008 - Participação no programa "Sociedade Civil", da RTP2, com o tema "Transportes amigos do ambiente"
--/03/2008 - Entrevista à Radio Antena 1, sobre o projecto dos "100 dias".

sábado, 15 de março de 2008

Marta Vieira - Medicina - Da Alta de Lisboa para Telheiras

Eu pedalo em Lisboa há pelo menos 6 anos. Nessa altura vim estudar medicina veterinária e como já há 2 anos que praticava BTT continuei a pedalar quer em BTT quer em estrada apenas por lazer uma vez que morava a 10 minutos a pé da faculdade. Até Junho passado morei no cimo da Calçada da Ajuda por isso confesso que da 1ª vez que te vi dizer no blog que subir a Avenida da Liberdade era difícil achei que ainda tinhas muita coisa para descobrir na cidade de Lisboa...

Desde Junho de 2007 que me mudei para a Alta de Lisboa e passei a usar a bicicleta como meio de transporte, 1º para ir estudar para a biblioteca na época de exames e agora para ir para o estágio em Telheiras. Como agora a deixo todos os dias agarrada a um poste e tenho de ir com roupa normal para o trabalho tenho de me contentar em pedalar numa bicicleta do bike tour de 2006 enquanto que dantes podia pedalar numa bicicleta bem mais leve.

Por já conhecer a falta de civilização dos condutores portugueses costumava evitar os locais de mais trânsito para pedalar em Lisboa, mas desde que uso a bicicleta como meio de transporte que os condutores vão teimando em relembrar-me o quanto desrespeitam todos os que insistem em ser diferentes deles.

Admito que nem sempre cumpro o Código da Estrada mas acima de tudo tento não estorvar nem por em perigo ninguém.

Eu não me considero fundamentalista mas era bom que se arranjasse uma forma de convencer cada vez mais pessoas a pedalar nas cidades deste país pois a verdade é que o ambiente estaria muito melhor. Eu antes de vir para Lisboa morava em Barcelos e apesar de lá os carros circularem muitas vezes com maior velocidade do que aqui a poluição não tem nada a ver. Confesso que admiro quem se atreve a pedalar nas principais avenidas de Lisboa nas horas de ponta, não pelo trânsito mas pela poluição pois das vezes que lá passo a pé até me sinto mal com o cheiro a escape...

Espero que o projecto continue a correr cada vez melhor e que vá convencendo mais gente de que pedalar é a melhor solução para a carteira e a saúde

Cumprimentos
Marta Vieira

sábado, 8 de março de 2008

Paulo Leitão - Engº Quimico - De Algés ao Saldanha

Tenho 46 anos, sou casado, tenho três filhas, vivo em Algés e trabalho junto ao Saldanha.

Até ao ano passado contavam-se pelos dedos de uma mão as vezes que tinha usado a bicicleta como meio de deslocação para o trabalho, mas no Verão (a convalescer de uma operação a uma clavícula partida, resultado de uma queda de bicicleta em Monsanto) concluí que não ia conseguir cumprir os quilómetros que tinha estabelecido fazer de bicicleta em 2007.
Houve que repensar e redefinir objectivos. Se até então passavam apenas por melhorar a minha forma física e mental, participar numa ou noutra prova de BTT e no Tróia-Sagres em Dezembro (além das voltas domingueiras com os amigos), nessa altura decidi que, já que ia fazer menos quilómetros, ao menos que fossem bem aproveitados.

Não demorou muito a descobrir que uma boa maneira de recuperar os quilómetros perdidos e ainda contribuir positivamente para o ambiente seria vir de bicicleta para o trabalho alguns dias.
Quantos dias? Bom... na maior parte das vezes, por um motivo ou outro, teria que trazer carro, até porque não venho sozinho para Lisboa, mas sempre se arranjariam uns quantos dias em que seria possível vir de bicicleta.
Já que ia poupar nas emissões de CO2, então que tal evitar emitir a quantidade de CO2 equivalente ao meu peso (86 kg)?

Fiz umas contas e conclui que teria que fazer 17 deslocações de ida e volta para atingir esse valor. Lamento confessar que não consegui. Fiz só 15, mas entretanto perdi uns quilogramas, por isso quase que poupei as emissões equivalentes ao meu peso actual.

Parte do caminho é feito junto a Monsanto e se de manhã não há tempo para grandes invenções (até para não esforçar e não chegar suado) no final do dia há sempre possibilidade de fazer um desvio pelo parque, o que é muito agradável.
No interior da cidade tento evitar as vias de maior movimento e a pior zona que apanho é a Av. de Berna junto à Gulbenkian.

Foram raras as vezes que tive problemas com o trânsito, mas já uma vez ia sendo "colhido" por um carro que me ultrapassou e se desviou para uma rua à direita mesmo à minha frente. Usei o termo"colhido" no sentido taurino, porque é o adequado à quantidade de impropérios que gritei, nos quais se incluíam obviamente nomes de animais com cornos.

No local onde trabalho tem vindo a aumentar o número de pessoas que usa a bicicleta, embora em número ainda reduzido e preferencialmente com bom tempo.
Este ano ainda não tive possibilidade de vir de bicicleta, mas espero começar dentro em pouco, até porque se está a esgotar a minha lista de desculpas e o tempo está a melhorar.

Tenho como meta usar a bicicleta 25 dias em 2008. É pouco, mas é realista e é o contributo possível. Melhores dias virão.

Entretanto percebi que o facto de vir de bicicleta melhorava a minha disposição durante o dia e alarguei o âmbito de utilização, optando por este meio para algumas pequenas deslocações na área onde moro.

Cumprimentos ciclísticos e boa sorte para o projecto e para a tese.

domingo, 2 de março de 2008

Luís Marques - Biólogo - De Campolide à Cid. Universitária

NOME: Luís Marques, 28 anos
Profissão: Biólogo

Encontrei este blog há pouco tempo, e desde então tenho sido um fiel leitor! Sinceramente, tomei conhecimento dele desde que voltei a ir almoçar à cantina velha da UL, vi lá a bicicleta, e pensei... "Olha, mais um compatriota?" :) A verdade é que desde o ano passado que, sempre que possível, me desloco de bicicleta desde a minha casa em Campolide, ao pé das Amoreiras, até à Faculdade de Ciências no Campo Grande, onde trabalho. E como estou arrependido de não ter feito o mesmo enquanto estava a tirar o curso!...

A ideia surgiu-me quando um dia me lembrei de usar uma ferramenta da internet de mapas (não me lembro qual...) só para ver a distância da minha casa até à faculdade. Como sempre fui muito adepto de andar de bicicleta, mas só de Verão ou ao fim de semana do outro lado do rio, já me tinha ocorrido usar a bicicleta em Lisboa. Nunca o tinha era concretizado porque achava que os percursos que teria de fazer ou eram muito longos, ou pejados de subidas, ou francamente PERIGOSOS por causa dos carros. Além disso, fiz o estágio de licenciatura durante 9 meses na Holanda, e, embora tenha vindo de lá com o "bichinho" da bina enquanto meio de transporte, achava isso impraticável em Lisboa. Enfim, lá meti o "start" e o "finish", e fiquei parvo quando vi que a distância mais curta eram cerca de 4 (míseros) quilómetros! Ainda por cima, por um caminho que nunca utilizaria de carro (por causa do trânsito), mas que de bicicleta faria todo o sentido!E pronto, lá experimentei. Resultados? Se for com calminha, fazendo o percurso Campolide > Marquês de Fronteira > Corte Inglés > 5 de Outubro > Entrecampos > Ciclovia > FCUL, nunca demoro mais do que 25 minutos. Se for de carro e apanhar o trânsito habitual demoro entre 10 e 20 minutos (para 4 km!). Se for de transportes públicos, demoro invariavelmente cerca de 45 minutos, contando com tempos de espera e/ou trânsito (PARA QUATRO MÍSEROS QUILÓMETROS!!). Ah, e como circulo na via mas cumpro escrupulosamente o código de estrada (respeito todos os sinais, faço "pisca", etc. Afinal, também sou condutor), nunca tive qualquer razão de queixa por parte dos automobilistas.Custos? Carro: ~€60 por mês em gasóleo. Passe: €28,10 por mês. Bicicleta: €0.

Não tenho dúvidas nenhumas que a bicicleta oferece uma série de vantagens em relação ao carro e até, em algumas circunstâncias, à rede de transportes públicos. Infelizmente, tenho de admitir que ultimamente tenho utilizado um pouco mais o carro, mais por preguiça e stress relacionado com o fim do meu mestrado... Se tivesse desopilado um bocadinho de bicicleta, nas idas e vindas para o trabalho, provavelmente tinha stressado menos! Próximo passo para mim: adoptar a bina de forma integral nas minhas deslocações à FCUL e ao ginásio (em Telheiras - já vou com o aquecimento feito :)), e utilizar o carro apenas quando necessitar de ir ao Instituto Gulbenkian de Ciência em Oeiras, onde também trabalho. Para facilitar o uso no dia-a-dia, acho que duas coisas são essenciais... Um porta-bagagens + mochila adaptada ao mesmo e um corta-vento/chuva, para os dias mais "cinzentos". E pronto! Só queria deixar o meu testemunho e desejar-te as maiores felicidades para a tua tese, e, claro, a tua experiência! Ainda havemos de ser muitos, há cada vez mais bicicletas "estacionadas" na Faculdade de Ciências, vai lá espreitar!! :)

Um abraço

Catarina Fernandes - Estudante Física - Dos Olivais à Cidade Universitátia

Nome - Catarina Fernandes
Profissão - Estudante do curso de Física (Faculdade de Ciências UL)
Percurso - Olivais-Sul <-> Cidade Universitária

Olá Paulo,

Quando entrei para a faculdade pensei em deslocar-me de bicicleta para a faculdade mas diziam-me que era perigoso, demorava muito tempo, e para mais não tinha bicicleta, aliás já não andava de bicicleta desde os 13 anos. Não pensei sobre o assunto durante algum tempo. Passado um ou dois anos um colega da faculdade comprou uma bicicleta muita rasca (que ainda sobrevive) e começou a andar assim para todo o lado. Aquele bichinho renasceu ao ver tal exemplo. Comecei novamente a pôr em causa deslocar-me de bicicleta, só faltava a bicicleta! Decidi então inscrever-me no BikeTour Lisboa 2007 e ironicamente adquiri a bicicleta uma semana depois de ter a carta de condução e quando uma vez me perguntaram: - Então vais ter um carro?, eu
respondia (um pouco orgulhosa devo dizer): - Não, vou ter uma bicicleta! Algures em Junho do ano passado, comecei a fazer deste o meu transporte, foi óptimo para começar pois como estava em época de exames não tinha horários a cumprir e fui compreendendo o percurso, às vezes não me apetecia e ia de metro. No início custou um pouco e a bicicleta não era propriamente leve, eu moro num 8º andar e colocá-la no elevador custava mais do que o percurso na estrada. Mas agora desde que comprei um bicicleta de 14 kg já não é problema colocá-la no elevador, quanto mais andar pela cidade. Desde esta minha nova aquisição ando todos os dias de bicicleta. Deixei de carregar o meu passe de metro e troquei por um 7 colinas.

O que me leva a andar de bicicleta em Lisboa: tenho mais mobilidade e chego mais depressa ao destino do que se fosse de transportes públicos (de metro com sorte e a horas normais demoraria não menos do que 25 minutos, de bicla demoro 20 minutos nas calmas ,15 se for um pouco mais depressa - como costumo ir para casa à noitinha os 25 minutos no metro alagarvam-se para mais de meia hora...), e os meus amigos que andam de bicicleta já não têm de me levar à boleia ou de estar à minha espera. Estaciono a bicicleta onde quiser (comprei um cadeado bom). Vou ao "ginásio" todos os dias pelo menos 2 vezes ao dia (na ida e no regresso) e também vou para o ginásio de bicicleta. O combustível usado é a minha energia. O meu veículo não cheira mal, o mesmo não posso dizer dos meus companheiros da Av. do Brasil, de vez em quando tenho de torcer o nariz com tanto mau cheiro, esse mau cheiro às vezes faz com que não ande tão depressa como gostaria. Os gases nocivos que os carros emitem fazem mais mal ao condutor do que para a bicicleta, há estudos que referem que os condutores de automóveis, devido à existência do habitáculo recebem cerca do triplo de gases nocivos do que um ciclista que vai na estrada. Ultimamente tenho de me deslocar até à Av. da Liberdade em hora de ponta, vou desde a faculdade até lá e é impressionante como a esta hora a bicicleta ganha em muito em relação ao carro, demoro pouco mais de 10minutos, e a partir do Saldanha não há carro que me apanhe, vou sempre com todo o cuidado. De vez em quando ouço alguém a gritar vai para o Bus, mas o Bus é para os tranportes colectivos, e eu não sou um transporte colectivo, eu estou sozinha na minha bicicleta tal como muitos automobilistas estão sozinhos no seu automóvel.

Alguns pensamentos que tenho em relação à utilização da bicicleta como meio de transporte:Eu tenho o direito de andar na estrada, a minha velocidade é perfeitamenteaceitável para andar na cidade por entre os carros, se eu me deslocasse de automóvel estaria a ocupar um espaço muito maior. Nas subidas é só preciso ter um pouco de compreensão e perceber que parar é a morte do artista. Poupo dinheiro porque não gasto gasolina/gasóleo... estacionamento, taxas, seguros, etc. Ganho em saúde. O facto de andar de bicicleta faz também com que eu sinta estar a desempenhar um papel na não destruição do planeta e de ajudar a minha cidade a cumprir com as directivas da U.E. no que respeita à emissão de gases nocivos. Sou totalmente contra a utilização do automóvel como transporte de utilização diária e totalmente a favor do uso da bicicleta e dos transportes colectivos.

Gostaria de deixar uma mensagem aos meus amigos condutores da Av. doBrasil, obrigada pela vossa companhia! Mas preferia que me acompanhassem de bicicleta. Gostaria que os condutores de automóveis podessem compreender que as bicicletas mudam de faixa quando precisam de mudar de direcção, tal comoeu tento "compreender" alguns condutores (ALGUNS....) porque é que me fazem "rasas" (a mais de 50km/h!!!) com tanto espaço no outro lado. Quando experimentei andar sem capacete reparei que estas "rasas" diminuiram em muito e que tenho mais respeito por parte dos condutores, deixei de andar de capacete! É bom andar de bicicleta em Lisboa, redescobir a cidade e os seus buracos. Gosto de andar de bicicleta quer em Lisboa, quer noutro sitío qualquer. O facto de passar a deslocar-me de bicicleta fez com que descobrisse outras cidades europeias que já o fazem. Descobri a sociedade Dinamarquesa o excelente ensino que têm. Para o ano espero ir fazer o meu mestrado em Copenhaga na companhia da minha bicicleta, vai ser bom ver uma cidade/país onde todos, independentemente da idade andam de bicicleta onde até se vêm mães a transportar os seu filhos nas suas bicicletas. Se não tivesse este gosto nunca teria descoberto esta realidade. Gostaria de ver mais gente a andar de bicicleta e de transportes públicos. Gostaria de ver menos carros, de ver a cidade mais limpa e mais respirável. E acho que nunca hei-de perceber porque é que as pessoas ficam horas no trânsito sozinhas enquanto podiam estar a fazer outras coisas bem mais interessantes.

Boas pedaladas.

sábado, 1 de março de 2008

Nuno P. - Polícia - Da Póvoa Sta Iría à Praça de Espanha

Sou Agente da Polícia Municipal de Lisboa e habito na freguesia da Póvoa de Santa Iria. Comecei por experimentar fazer o percurso da minha residência (Póvoa Sta Iria) para o meu local de trabalho, na Praça de Espanha ( já antesf azia o percurso Póvoa / Parque das Nações, antiga Esquadra, várias vezes por semana). É um percurso de cerca de 22kms e em regra geral o trajecto é o seguinte: Nacional 10 / Sacavém / Parque das Nações-Gare do Oriente /Aeroporto (esta é a parte pior devido à subida da Avª de Berlim) /rotunda do relógio (normalmente vou pelo passeio do lado do "avião") /Campo Grande (via Avª do Brasil) / jardim do Campo Grande pela ciclovia até Entrecampos / Avª de Berna (pela 5 de Outubro) / Praça de Espanha. Este é o percurso, como disse, de cerca de 22 kms, praticamente sempre plano, com ligeiras subidas exceptuando, a tal subida desde a Gare do Oriente ao Aeroporto. Com a ida de bicicleta junto o útil ao agradável, visto que faço um pouco de execício físico (normalmente demoro cerca de 45 minutos neste percurso), por norma vou com outro colega e conversando nem notamos o tempo a passar, não me preocupo com atrasos ou engarrafamentos. Por vezes, se já sair de noite do trabalho, também sempre posso meter a bike no comboio em Sete Rios, sair na Estação da Póvoa e pedalar (aí são só 10 minutos a subir) até casa com os necessários cuidados a nível de iluminação (muito importante). No percurso referenciado, utilizo a estrada tendo cuidado com os automóveis, que quase sempre são donos da prioridade, mas também quando possível, utilizo os passeios, tendo a atenção de aqui reduzir um pouco a velocidade. Devido à inconstância dos meus horários, nem sempre posso fazer da bicicleta o meu meio de transporte usual, optando pela scooter ou mesmo pelo comboio (carro não obrigado). Mas, sempre que posso, lá vou eu a pedalar, evitando as filas, o lugar correcto para estacionar que raramente encontro, as MULTAS de mau estacionamento... Enfim, desafio quem ler este comentário e não utiliza a bicicleta, que faça como o Paulo, que experimente e se tiver lugar para arrumar este óptimo meio de transporte, vai ver que não se arrepende.
Nuno P.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Loic Lhopitallier - Estudante de Medicina - Dos Anjos à Cidade Universitária

Olá Paulo,
Então é assim: chamo-me Loic Lhopitallier, sou francês, tenho 24 anos e moro em Portugal há cerca de dois anos. Antes disso vivi a minha vida toda no Reino Unido, em Londres e Edimburgo. Agora estou emLisboa e estudo medicina na Faculdade de Medicina. Quando tirei o meu primeiro curso (em Edimburgo) deslocava-me sempre de bicicleta. Lá os problemas eram principalemente o declive (erá mais ou menos como emLisboa) e o frio. Mas em relação ao transito e as roubos de bicicleta não havia problemas nenhums. Desloquei-me de bicicleta também em Londres durante muitos anos. E ali o problema principal é o transito e os roubos de bicicleta. Para o roubos resolvi comprar um candeado muito forte e um seguro para a bicicleta (Uso uma Specialized Allez2004), para o transito convêm ser vigilante e usar um filtro para a poluição.Quando mudei-me para Lisboa fiquei muito triste por não ver ninguem andar de bicicleta e pensei que os conductores eram malucos. Arrisquei-me umas vezes na marginal (na altura trabalhava em Oeiras e vivia no Bairro Alto) mas não gostei da experiência. Deixei de andar de bicicleta. No verão aproveitei para ir até o Festival das Musicas do Mundo em Sines de bicicleta com uns amigos. Lá redescobri o prazer de andar de bicicleta e comecei a pensar em o fazer em Lisboa. Mas tinha medo do transito. Depois de reparar em mais e mais gente a deslocar-se de bicicleta, de ficar frustrado com o metro, de perder a forma fisica e de descobrir o seu blogue resolvi voltar a ir para a faculdade de bicicleta. Foi a melhor decisão do ano. Redescobri o sentimento de liberdade que traz a bicicleta, quando de manhã vemos toda a gente frustrada no transito e que nós temos o vento e o sol na nossa cara. Agora vou do bairro das colonias (nos Anjos) até a Alameda (por uma paralela a Alm. Reis), depois vou pela Av. de Roma a Av. do Brasil à Alameda da Universidade até chegar ao Hospital Santa Maria. Volto pela Av. 5 de Outubro e Picoas.
As vantagens de usar a bicicleta em Lisboa são muitas: tá quase sempre bom tempo, os transporte publicos são fracos e há sempre imenso transito. As desvantagens são o transito, a falta de civismo dos condutores e os trilhos do eléctricos. Os declives não são um problema para quem tiver minimamente em forma. E também parece-me que aqui não há muitos roubos. Mas estou provavelmente enganado. Espero que respondi as tuas perguntas. Abraço

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

João Felizardo - Gestor Financeiro - de Cascais ao Saldanha

Olá Paulo, o meu nome é João e curiosamente encontrei o teu blog, já que também eu vou diariamente de bicicleta para lisboa.
Moro em Cascais, apanho o comboio todas as manhãs (tenho uma Dahon igual à tua), por isso desmonto-a nas horas de ponta. Saio em Alcantara-mar e apanho o comboio para Entrecampos e depois sigo de bicicleta para o Saldanha, outras vezes saio no Cais do Sodré e sigo daí até ao Saldanha. Na volta vou sempre do saldanha até ao Cais do Sodré. Importa dizer que o faço todos os dias de fato, pois a minha profissão o exige (Para enquadrar um pouco mais: Tenho 31 anos, sou casado e sou gestor financeiro numa empresa de telemarketing). Bem, como penso que entro um pouco na tua área de estudo, e sou um verdadeiro adepto do desporto, ecologia e passeio, deslocar-me de bicicleta tem sido uma aposta ganha, não só no tempo médio das minhas deslocações, na minha saúde, e na minha algibeira (poupança no passe do metro e no ginásio!).

Força aí ...

José Pires - Engº Físico - Telheiras, Lumiar e Campo Grande

Nome: José Miguel Correia Pires

Habilitações: Eng. Físico

Ocupação actual: Membro da Comissão Regional de Portugal da Prelatura do Opus Dei (http://en.romana.org/; http://opusdei.pt/)

No início dos anos 90 vim viver para Lisboa. Vivia na Alameda das Linhas de Torres, junto ao antigo estádio do Sporting, e estudava no IST. Na altura ainda não havia Metro no Campo Grande, não tinha carro e os autocarros não tinham horários fiáveis, de modo que decidi trazer uma bicicleta e ir até ao Técnico pedalando. Não sei exactamente em que altura trouxe a bicicleta, mas o mais tardar deverá ter sido no início de 1992. Na altura descia o Campo Grande até à Av. do Brasil, subia até à Av. de Roma e depois ia, ou pela Av. de Roma ou por ruas paralelas, até à Praça de Londres. Por fim, subia até ao Técnico. O percurso inverso era muito semelhante. Fiz isto durante pelo menos 2 anos. Entretanto em Outubro de 1994 fui para Braga e a bicicleta acompanhou-me. Aí fazia o percurso entre o centro da cidade, onde vivia, e a Universidade do Minho, onde trabalhava. Não demorava mais de 15 minutos, o percurso era bom e tinha um sítio onde deixar a bicicleta em segurança, pelo que ganhei o gosto de pedalar pela cidade. Em Outubro de 2002 voltei novamente a Lisboa. Como agora trabalho em casa não necessito muitas vezes da bicicleta, mas sempre que posso saio com ela. Alguns dos percursos que faço habitualmente são desde o Paço do Lumiar, onde vivo, até: ao Metro (Telheiras ou Lumiar); até ao supermercado fazer alguma compra rápida; até ao Estádio Universitário para os treinos de futebol; etc. Embora o facto de não existirem vias para bicicleta na cidade seja uma dificuldade, para mim não é um problema relevante. Habitualmente aquilo que me faz hesitar levar a bicicleta é não ter um sítio onde a posso deixar sabendo que quando regressar ainda estará operacional. Não é fácil encontrar locais, na cidade, onde deixar a bicicleta em segurança... Uma das coisas que me faria usar mais vezes abicicleta em Lisboa seria dispor de locais onde a pudesse deixar.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

António Cruz - Gestão e Engenharia Industrial - De Telheiras à Cidade Universitária

Começei a andar de bicicleta em Lisboa no final de 2004 e primavera de 2005. A opção foi totalmente racional. O deslocamento da minha casa em telheiras para a universidade (ISCTE, cidade universitária) demorava 10 minutos de bicicleta, 25 "de metro + a pé" e 8 de carro, sem trânsito, + tempo para estacionar, + tempo a pé do local de estacionamento até à porta da universidade (15 a 20 minutos no total). Ou seja, a razão para eu me ter iniciado a andar de bicicleta em Lisboa foi, imagine-se, a preguiça! mais 15 minutos de sono todas as manhas são para mim, ouro...

Finalizando o meu 3º ano do curso segui em direcção à Holanda para 10 meses de Erasmus (4º ano) na cidade com maior taxa de utilização de bicicleta da Europa - Groningen - uma cidade Universtitária. Fui para a Holanda, atraído pela cultura em torno deste meio de transporte. Chegando lá, apercebi-me que teria de percorrer diariamente 25 minutos em cada sentido para fazer o percurso casa-universidade, isto em dias de bom tempo, o que por lá é bastante raro. Em dias de chuva vento ou neve, não se viam menos bicicletas na rua, apenas o tempo de deslocação era superior, cerca de 35 minuntos em cada sentido, e refira-se também o estado encharcado em que alunos e professores chegavam às salas de aulas.


Por muitas razões o regresso a Portugal foi triste, enfadonho, stressante, no entanto, já que não podia mudar a envolvente, mudei-me a mim. Nos primeiros meses continuei a utilizar a antiga bicicleta montanha de costas curvadas, subi o celim, comprei um assento novo, mas não, não dava, era demasiado desconfortável para as deslocações que eu queria fazer em Lisboa. Acabei por comprar a bicicleta de marca portuguesa com 6 mudanças presente na foto.




Encontrei nesta bicicleta uma boa forma de intrepertar a cidade, viver a cidade, torná-la mais pequena, mais humana, com mais interacções sociais e principalmente a forma de combater o estilo de vida depressivo que se têm em Lisboa.

Por estar a estagiar fora de Lisboa, o uso da bicicleta foi, durante 5 meses, principalmente "pós laboral", para relaxar, de Telheiras ao Bairro Alto, voltando de metro ao fim da noite, ou mesmo, caso o metro já se encontrasse fechado, voltando de bicicleta. Recordo uma noite em que após um concerto de 4ªfeira na discoteca lux, e após o metro já estar fechado, regressei a casa em 35 minutos, com o dinamo ligado, para dar luz, e aumentando a dificuldade. Apercebi-me então de quanto Lisboa era pequena, pois esse era precisamente o tempo que eu demarava nos dias de vento e chuva no norte da holanda, só para chegar á universidade e numa bicicleta sem mudanças.

As montanhas da ignorância são mais íngremes que qualquer colina de Lisboa. O sentido de bem comum entre os portugueses, prinicipalmente de Lisboa, é reduzido. E a forma como vivemos a cidade é egoísta e desastrada. Esta é a minha visão, apesar de adorar Lisboa, a Lisboa histórica, das ruas pequenas, dos estendais pendurados...

Pode ser demasiado romântica esta visão, mas sem querer acabar com os carros, espero apenas que um dia possa existir mais harmonia entre os diversos tipos de locomoção nesta cidade.


Bem hajam.

António Cruz

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Hugo Silva - Mestre em Engª Electrotécnica - Do Bairro Alto à Av. 5 de Outubro

Nome:Hugo Silva

Habilitações:Mestre em Engª Electrotécnica e de Computadores

Profissão: Gestor Operacional/Empresário

Percurso: Bairro Alto - Av. 5 de Outubro

Caro Paulo,

Já cumpri os meus 100 dias de bicicleta na cidade há algum tempo e mais do que ver o enquadramento da bicicleta cidade como meio de transporte vejo-o como um elemento cosmopolita (uma das razões para ter optado por uma pasteleira à antiga (como indicam as fotos em anexo)).




Eu resido na Rua das Taipas (zona do Bairro Alto) e um dos momentos mais deliciosos do meu meu dia é a altura em que regresso a casa e tenho a oportunidade de descer a magnifica Av. da Liberdade e beber a paisagem urbana e a mistica da citadina deslizando na minha pasteleira.




Para o percurso que faço a bicicleta é o meio de transporte mais rápido (comparando com os transportes publicos) e permite-me ter maior qualidade de vida (uma vez que evito o stress característico das deslocações de carro) e independência nas deslocações.





Alguns dos truques que já aprendi são o doseamento do esforço para não chegar suado a todo o lado, nos semáforos aproximar-me o máximo possivel da via onde quero entrar para ganhar vantagem sobre os carros no arranque, utilizar uma pasteleira (a posição de condução é bem confortável, os guarda-lamas protegem dos salpicos e o estilo é simplesmente delicioso).




Abraço e boas pedaladas,

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Jorge Lima - Engº Informático - de Alcântara a Campolide

Viva Paulo, Sem dúvida que promover o uso da bicicleta como opção válida tem sidouma luta, mas nos últimos anos tem havido um crescimentosignificativo.O principal obstáculo para a adopção de um estilo de vida maissaudável por parte dos portugueses é principalmente psicológico, mastambém económico.Desde já o informo que sou obeso (105-110kg), moro em Alcântara, e umdos meus principais percursos consiste em subir até ao ponto mais altode lisboa (Campolide). As "sete colinas" de Lisboa não passam depequenos outeiros. O alto do Castelo situa-se a uns 90m de altitude, oalto de campolide talvez atinja 110 ou 120. Não faltam cidades poresse mundo fora com relevos muito mais difíceis.

Mais info: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sete_Colinas_de_LisboaComo pode ver por esse artigo as "colinas" que tanto amedrontam Lisboasituam-se em bairros históricos semi-desabitados e datam de um tempoem que a bicicleta ainda não tinha sido inventada e a cidade erapequena o suficiente para percorrer a pé.Não é necessário, para muitos cidadãos, entrar em nenhuma das setecolinas no seu dia-a-dia, e se fosse, nem era preciso ser um grandeatleta para o fazer. As pessoas quando pensam em bicicleta, pensam nosmonstros de aço dos anos 70 que não tinham mudanças. Uma bicicletamoderna é geralmente de alumínio, mais leve, e com um bom jogo demudanças, permitindo que uma pessoa suba qualquer rua de lisboa,talvez não na primeira tentativa, mas á segunda ou á terceira seestiver muito fora de forma.

Laura - de Alcântara à Baixa

Caro Paulo, como está?
Acabei de apanhar o final duma reportagem sobre o seu projecto "100 dias de bicicleta na cidade de Lisboa" e vim de imediato procurar o seu blog. Vi que ainda está no início, mas quero desde já congratulá-lo pela ideia. Eu comecei há cerca de dois meses a deslocar-me para o trabalho de bicicleta - a distância não é muita, já que moro em Alcântara e trabalho na Baixa - mas já mudou a minha vida em muitos aspectos. Para já, o sorriso na cara com que chego ao trabalho, por ter levado logo de manhã com o vento na cara e ter escapado à rotina dos transportes públicos...