quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

António Cruz - Gestão e Engenharia Industrial - De Telheiras à Cidade Universitária

Começei a andar de bicicleta em Lisboa no final de 2004 e primavera de 2005. A opção foi totalmente racional. O deslocamento da minha casa em telheiras para a universidade (ISCTE, cidade universitária) demorava 10 minutos de bicicleta, 25 "de metro + a pé" e 8 de carro, sem trânsito, + tempo para estacionar, + tempo a pé do local de estacionamento até à porta da universidade (15 a 20 minutos no total). Ou seja, a razão para eu me ter iniciado a andar de bicicleta em Lisboa foi, imagine-se, a preguiça! mais 15 minutos de sono todas as manhas são para mim, ouro...

Finalizando o meu 3º ano do curso segui em direcção à Holanda para 10 meses de Erasmus (4º ano) na cidade com maior taxa de utilização de bicicleta da Europa - Groningen - uma cidade Universtitária. Fui para a Holanda, atraído pela cultura em torno deste meio de transporte. Chegando lá, apercebi-me que teria de percorrer diariamente 25 minutos em cada sentido para fazer o percurso casa-universidade, isto em dias de bom tempo, o que por lá é bastante raro. Em dias de chuva vento ou neve, não se viam menos bicicletas na rua, apenas o tempo de deslocação era superior, cerca de 35 minuntos em cada sentido, e refira-se também o estado encharcado em que alunos e professores chegavam às salas de aulas.


Por muitas razões o regresso a Portugal foi triste, enfadonho, stressante, no entanto, já que não podia mudar a envolvente, mudei-me a mim. Nos primeiros meses continuei a utilizar a antiga bicicleta montanha de costas curvadas, subi o celim, comprei um assento novo, mas não, não dava, era demasiado desconfortável para as deslocações que eu queria fazer em Lisboa. Acabei por comprar a bicicleta de marca portuguesa com 6 mudanças presente na foto.




Encontrei nesta bicicleta uma boa forma de intrepertar a cidade, viver a cidade, torná-la mais pequena, mais humana, com mais interacções sociais e principalmente a forma de combater o estilo de vida depressivo que se têm em Lisboa.

Por estar a estagiar fora de Lisboa, o uso da bicicleta foi, durante 5 meses, principalmente "pós laboral", para relaxar, de Telheiras ao Bairro Alto, voltando de metro ao fim da noite, ou mesmo, caso o metro já se encontrasse fechado, voltando de bicicleta. Recordo uma noite em que após um concerto de 4ªfeira na discoteca lux, e após o metro já estar fechado, regressei a casa em 35 minutos, com o dinamo ligado, para dar luz, e aumentando a dificuldade. Apercebi-me então de quanto Lisboa era pequena, pois esse era precisamente o tempo que eu demarava nos dias de vento e chuva no norte da holanda, só para chegar á universidade e numa bicicleta sem mudanças.

As montanhas da ignorância são mais íngremes que qualquer colina de Lisboa. O sentido de bem comum entre os portugueses, prinicipalmente de Lisboa, é reduzido. E a forma como vivemos a cidade é egoísta e desastrada. Esta é a minha visão, apesar de adorar Lisboa, a Lisboa histórica, das ruas pequenas, dos estendais pendurados...

Pode ser demasiado romântica esta visão, mas sem querer acabar com os carros, espero apenas que um dia possa existir mais harmonia entre os diversos tipos de locomoção nesta cidade.


Bem hajam.

António Cruz

5 comentários:

casual disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
casual disse...

Olá António

Parabéns pela opção tomada. Gostaria só de saber qual é a marca da bicicleta e, já agora, qt custa?

Tb vivo em telheiras.

Abraço

António C. disse...

A bicicleta é uma Órbita Classic, e no site está na opção Sport, o que é estranho porque é uma bicicleta tipica de cidade.

Custou no ano passado cerca de 170 Euros numa loja na Av. Columbano Bordalo Pinheiro entre sete rios e a praça de espanha.

Óptima opção para cidade, principalmente devido à postura de costas direitas!

casual disse...

Obrigado. Já a vi, é bem engraçada. As seis mudanças são suficientes para a dita lisboa das colinas e não sente falta de suspensão à frente para percorrer o piso acidentado da capital?

Abraço

António C. disse...

Na minha opinião as 6 mudanças são suficientes... mas também depende das ruas que quer subir...

Quando preciso de subir ruas com muita inclinação acabo por subir levando-a à mão.

No entanto para atravessar lisboa no sentido sul norte, é perfeitamente possivel, por ruas como almirante reis ou mesmo avenida da liberdade.

Também é verdade que a performance vai melhorando ao longo do tempo, isto para utilizadores sem experiência...

Quanto à suspensão, o bom que poderia ganhar perderia certamente em estilo e elegância!

Boa compra! ;)